segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A indiferença da academia pelo presente

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A indiferença da academia pelo presente
A difícil crítica do presente



17 de junho de 2008 - Por Beatriz Resende[i]

No último maio, chegou ao fim a importante revista argentina Punto de Vista, depois de 30 anos de crítica combativa, servindo como referência decisiva em diversos momentos da vida latino-americana. Sua editora, intelectual que procurou sempre juntar literatura e política, Beatriz Sarlo, afirma que a revista – que sempre foi absolutamente independente não só em suas posições como em suas formas de sustentação –não passa por nenhuma dificuldade econômica. Provavelmente seu fechamento precipitou-se pelas crises internas que vive desde que dela se afastou Carlos Altamirando e outros, em 2004. Mas aqui, o que vem ao caso notar, são algumas das afirmações de Sarlo no editorial do número 90, o último: “Final”. Aí aparecem as dificuldades representadas pelo que foi também o grande mérito da publicação por todos estes anos: a sintonia crítica com o presente, com o imediato. Foi assim que se ocupou da literatura argentina em relação com a história recente, o que, segundo Sarlo, hoje não é novidade, mas o foi nos anos 80, quando a abordagem se tornou, para o grupo, uma chave interpretativa. Falaram de cidade e cultura quando o tema ainda não estava na moda e usaram como referência teórica Raymond Williams, Juan José Sauer e Sebald quando tais autores ainda não circulavam efetivamente no universo da crítica.

O que Beatriz Sarlo assegura ser decisivo para uma publicação dedicada à cultura e à política me parece ser decisivo para qualquer realização do exercício crítico. Diz a criadora da revista: “Pensé ( y pinso hasta hoy) que es preferible que uma revista se equivoque a que permanezca igual a si misma quando las cosas cambian o quando los temas se banalizan”.

Sem dúvida é este o risco e o fascínio, a possibilidade de equívoco ou de contribuição modificadora que a crítica literária corre quando se ocupa, sobretudo, de autores novos, alguns ainda em formação. É o risco de se deslocar do campo antes de mais nada seguro do cânone – não apenas para afirmá-lo, mas mesmo para questioná-lo – para uma zona de apostas, do perigoso jogo de tentar ler o futuro no presente que é se apresenta ao leitor iniciado. Porisso, talvez, a crítica acadêmica – justamente aquela que é praticada no espaço seguro das universidades, onde, convenhamos, temos hoje a liberdade de dizermos o que quisermos – pouco se ocupe no contemporâneo, do imediato. De que outros espaços dispomos, então? Revistas literárias, de crítica, de reflexão, praticamente inexistem. Aquelas que poderiam ter a segurança se estarem ligadas às universidades vivem dificuldades cotidianas que tornam sua publicação tão lenta que, ao circularem, aquele que aí visitar o novo, o que merece provocar o debate dentro da produção cultural do presente, já aparecerá atrasado. Ou ficará restrito ao pequeno âmbito de circulação a que a tiragem limitada obriga. Restam os suplementos dedicados à arte e cultura, uns pouco e heróicos sobreviventes, onde o número de caracteres destinados a cada colaborador diminui a cada número. É preciso sobreviver, competindo com os cadernos de automóveis, culinária e vinhos ou inutilidades, artigos bem mais vendáveis. E antes a culinária do que as celebridades!

A tendência crítica é ver o passado, seja pela memória seja pela história, como conflituoso, solicitando releituras ainda por serem feitas, e, por isso mesmo, fértil. E realmente o é. À produção literária do presente resta, o mais das vezes, a indiferença.

Não é apenas por acreditar na força da ficção brasileira contemporânea que penso que ela deve ser conhecida, lida, estudada, fruída, mas sim porque acredito que o jovem autor, aquele que busca uma experiência literária inovadora ou as vozes que apenas recentemente se apropriaram do texto literário – seja o que for que se entenda por literatura hoje –merecem e precisam do debate.

Se nos detivermos sobre a produção desta década, percebemos as múltiplas possibilidades que têm se afirmado com grande competência, mas também já podemos vislumbrar alguns impasses. O retorno dominante à narrativa da realidade já mostra as ciladas que oferece junto com o interesse imediato, a identificação fácil ou a possibilidade de um texto literário migrar com facilidade do livro para outras mídias mais rentáveis. O excesso de metalinguagem, a paródia que se revela com obviedade ameaçam mesmo autores de escrita sofisticada. A belle écriture do texto cansa tão rapidamente quanto a vulgaridade compulsivamente repetida. O texto de pouco fôlego é um intervalo curioso, mas perde a força se for uma constante. Por outro lado, a aposta em aspectos “profanadores”, para usar a expressão de Giorgio Agamben, muitas vezes cessa ao primeiro oferecimento de uma grande editora, aquela que se interessara justamente pelo valor da profanação.

Apontar impasses é a contribuição que a crítica pode oferecer. Para esse exercício político do fazer literário, no sentido que Jacques Rancière dá à política da literatura, como uma maneira de intervir na partilha do sensível que define o mundo que habitamos, é preciso, antes de tudo, correr o risco que falar do presente, do imediato, oferece.

Como sempre se perde e sempre se ganha alguma coisa a cada virada no mundo da cultura artística, se a crítica acadêmica perde espaço a cada recusa que um autor recebe ao exibir, quase como num gesto obsceno, seu volume de ensaios diante de um editor, outros espaços vêm surgindo no universo livre da web. Até agora, são principalmente os jovens (alguns já não tão jovens) autores que têm se utilizado desta ferramenta, para divulgar seus trabalhos, partilhar experiências e trocar críticas na formação de uma nova forma de “vida literária”. Por mais que o incomparável perfume do papel faça falta a nossos narizes viciados, vale a pena tentar ocupar esses novos espaços.No mínimo, os críticos logo terão respostas de algumas vozes arrogantes e outras carentes de diálogo, cairão na rede de discussões por vezes divertidas, receberão sugestões daquele mago da Amazon que lê nossas aspirações intelectuais mais íntimas e uma inevitável boa quota de spans.

[i] Beatriz Resende é coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora da UNIRIO e pesquisadora do CNPq.

às 22:54 Postado por Beatriz Resende em
http://ensaioscriticos.blogspot.com/2008/06/indiferena-da-academia-pelo-presente.html

para mais:
http://www.idelberavelar.com/archives/2008/04/adeus_a_uma_revista_fundamental.php

http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/espectaculos/2-9713-2008-04-06.html


Beatriz Sarlo
Tempo de crise: literatura e identidade argentina

Os ensaios de Beatriz Sarlo atravessam as fronteiras disciplinares: da literatura à sociologia, da filosofia ao urbanismo, passando pelas crises que abalaram seu país e a reflexão sobre o cenário cultural.

Beatriz Sarlo faz parte de uma geração da Argentina formada politicamente pelo peronismo e culturalmente por Jorge Luis Borges. Até 1976, ela, uma das mais importantes vozes na vida intelectual argentina, não pensava em se tornar crítica literária, ensaísta ou professora. Era uma militante política que resistia à ditadura militar do vizinho país. Após sobreviver ao dramático período, Beatriz voltou a ler textos de Gramsci, de Lenin, de Althusser, e teve contato com os estudos culturais e com autores que se tornaram seus companheiros inseparáveis como Walter Benjamin, Raymond Williams, Roland Barthes. De certa forma, eles a ajudaram a se constituir no que ela define como uma crítica da consciência filosófica anterior. “A crítica que eu gostaria de ser é aquela que descobre como são feitas as coisas e poder contar isso a outros”, disse Sarlo, certa vez, em entrevista.

Editora da revista Punto de Vista e do site BazarAmericano.com, Beatriz Sarlo dedica-se ao estudo da literatura, análises e história cultural, culturas urbanas e novas configurações da dimensão simbólica do social. Publicou em português Cenas da vida pós-moderna (Editora UFRJ, 1997), Paisagens imaginárias: intelectuais, arte e meios de comunicação (Editora USP, 2005), Tempo presente: notas sobre a mudança de uma cultura (José Olympio, 2005), A paixão e a exceção (Companhia das Letras, 2005) e Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva (Companhia das Letras, 2007).

Professora de Literatura por vinte anos na Universidade de Buenos Aires e com passagens por universidades americanas como Columbia e Berkeley, Beatriz Sarlo, uma das mais argutas críticas literárias da Argentina, tem encontro marcado com o Fronteiras do Pensamento Copesul Braskem 2008, no dia 7 de julho, no salão de Atos da UFRGS.

Beatriz Sarlo mostra-se capaz de uma autocrítica que vai além de nacionalismos às vezes tão presentes na imagem que freqüentemente recebemos dos argentinos. “Eu sou bastante pessimista em termos culturais e educativos. A Argentina tem que aprender a ser segundo, terceiro, quarto e quinto, coisa com que nunca tinha sonhado. A princípio, tem que aprender a ser segundo do Brasil, o que é algo que não está incorporado na cabeça dos argentinos”, disse Sarlo, em entrevista a uma revista brasileira. Segundo ela, o país hermano teria estado preso a um mito cultural, no qual perdura o reflexo convencido de que na América Latina a Argentina tinha uma liderança incontestável, mas isso acabou para sempre com a globalização. “Isso é algo que, como choque cultural, é muito forte Uma transformação cultural no sentido de situar-se de novo no mundo”, disse.

Com uma visão das identidades que foge de essencialismos e substancialismos, Beatriz Sarlo pensa que a identidade argentina se baseava em três elementos: ser completamente alfabetizado, ter o trabalho garantido e ser cidadão. Esta era inclusive a base sobre a qual os argentinos se sentiam diferentes e, injustamente ou não, superiores ao resto da América Latina. A Argentina teve ditaduras horríveis que de alguma maneira puseram em questão a identidade. “Além disso, os argentinos ainda têm que fazer um balanço por terem se transformado numa espécie de monstros nacionalistas quando a ditadura militar invadiu as Ilhas Malvinas e terem pensado que derrotaríamos a Inglaterra dirigidos por um general bêbado. Isto é uma ferida que ainda não foi processada”, denuncia a escritora. Segundo ela, o fundamental da identidade do argentino típico, que aparecia nas piadas na América Latina, era o convencido, seguro de si mesmo porque era cidadão, porque ninguém ia poder dizer para ele “você não sabe com quem está falando”; essa era uma frase que os argentinos pensavam que era possível no Brasil ou no Chile. “Na Argentina, esta frase dirigida a um pobre ou a um inferior era impossível porque havia direito de cidadania incorporado. Tinha-se uma escola que fazia com que as crianças sempre tivessem dois ou três anos a mais de escolaridade que seus pais. E o emprego estava garantido”, disse Sarlo. O estado de bem-estar quebrou e a sociedade argentina entrou na crise que acompanhamos ao longo das últimas décadas. “Então temos uma sociedade cujo único traço que conserva com muita força na cultura das camadas médias é o antiautoritarismo, que se aprendeu depois das ditaduras militares, o que não é pouco, mas também não é suficiente para a constituição de uma identidade. Daí a questão de como aprender a ser cidadão de um país secundário”, destaca. Em relação à cultura e à arte no sentido mais restrito do termo, Beatriz Sarlo mostra-se mais otimista. “A Argentina ainda tem um interessante contingente de escritores que vão surgindo a cada dez ou quinze anos. O campo cultural nesse sentido ainda mostra uma mobilidade e uma dinâmica muito fortes”, reconhece.

Especialista no estudo sobre as obras de Cortázar, Sarmiento e Borges, Beatriz Sarlo consegue decodificar escritores de diversas épocas e fazer uma leitura do presente a partir da literatura e da arte, leitura que já tem sua data marcada em Porto Alegre.

extraído de:
http://www.agin.com.br/clientes/fronteirasdopensamento/revista-fronteiras/perfil/

foto de Beatriz Sarlo:
http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/espectaculos/2-9713-2008-04-06.html

capa Punto de Vista:
http://www.idelberavelar.com/archives/2008/04/adeus_a_uma_revista_fundamental.php
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terça-feira, 23 de setembro de 2008

John Locke: O Brasil, o aborto, as mulheres

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por Michelle Amaral da Silva — Última modificação 05/09/2008 15:24

Cassiano Terra Rodrigues*

É lamentável termos de comemorar que só recentemente nossos hospitais públicos começaram, com o Programa de Aborto Legal

Qual é o primeiro direito fundamental de uma pessoa? O direito à vida? À liberdade? À propriedade? Segundo John Locke, nenhum deles. O primeiro direito humano fundamental é o direito de cada indivíduo sobre sua própria pessoa: seu corpo, sua mente, seus nervos e músculos. Muito já se falou sobre os direitos humanos, mas muito mais ainda pode ser falado. Após mais de três séculos de experiência histórica, hoje em dia parece que a acusação de que os direitos humanos são direitos burgueses, conservadores e anti-sociais precisa ser matizada. Hoje em dia, é fundamental lembrar que no contexto de desigualdade social e privatização das relações no mundo globalizado, a defesa dos direitos humanos como direitos públicos é também uma defesa da justiça social.

Esse é um bom mote para falar do documentário O Aborto dos Outros, que estréia comercialmente no próximo dia 05/09. Ganhador de merecida menção honrosa do júri do festival É Tudo Verdade de 2008, o filme recoloca na pauta do dia a discussão sobre o aborto no Brasil; mas não apenas recomeça uma velha e espinhosa discussão, antes, ela é proposta em outros termos, isto é, em termos que nem sempre aparecem de maneira clara ao grande público.

Em primeiro lugar, é lamentável termos de comemorar que só recentemente nossos hospitais públicos começaram, com o Programa de Aborto Legal, a respeitar uma lei que data de 1940: o aborto é direito das mulheres em caso de estupro e risco de vida da gestante, além de judicialmente ser concedido em certos casos de má formação do feto. Todavia, a maioria dos abortos brasileiros ainda acontece na clandestinidade, nas casas ou em clínicas particulares, fazendo com que o aborto no Brasil exista de fato não só para os casos previstos em lei: são mais de 1 milhão de abortos por ano, para quem pode ou não pagar por bom atendimento médico. Contudo, para quem não pode pagar, as conseqüências de um aborto clandestino geralmente são trágicas.

Em segundo lugar, o filme desnaturaliza a idéia da maternidade, inserindo a discussão no contexto social da mulher brasileira. Nunca é demais lembrar que a maternidade não é simples fato natural, mas conseqüência de relações sociais: ninguém engravida simplesmente por ter nascido mulher. Ora, o filme deixa claro que a violência não se dá somente na forma de violência física (portanto, supostamente natural), mas também na forma de privação dos direitos civis: seja pela má-vontade, preconceito ou até mesmo ignorância dos funcionários da burocracia, seja pela condição de pobreza da maior parte da população, seja pelo machismo dominante. Ou por tudo isso junto.

Uma cena é reveladora: ao serem atendidas pela psicóloga num hospital público, mãe e filha vítima de estupro relatam que o escrivão da delegacia que registrou a queixa não lhes informou dos direitos civis (ou seja, garantidos em lei) da filha, mas, ao contrário, disse que "é difícil", que "não sei não", que "isso é complicado", "melhor desistir"... Ou coisa assim. Onde, então, mora a violência – só no bairro pobre onde vivem as duas? Quem é o violentador – só o estuprador?

Voltemos a Locke. A afirmação dos direitos fundamentais do indivíduo implica também um dever: a afirmação dos meus direitos como pessoa imediatamente exige dos outros que reconheçam minha condição humana fundamental, independentemente de crença ou pertença social, política ou religiosa. Lembrando disso, talvez o maior mérito do filme seja deixar as próprias mulheres falarem. Pois, no Brasil, o debate sobre o aborto é demasiadamente pautado pelos pontos de vista da religião, do Estado, ou da sociedade (por mais abstrato que isso seja); raramente a perspectiva das próprias mulheres é considerada, freqüentemente lhes é tolhida a possibilidade de expressar o que sentem, pensam, desejam; outros falam por elas, em vez delas.

Só revertendo nossa situação será possível garantir às mulheres aquilo que lhes pertence de direito, seja ele civil ou natural: o direito de serem ouvidas, tratadas e consideradas como pessoas que são, sujeitas de suas próprias vidas.

Cordiais saudações.

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Nota 1: Mais informações sobre o filme, aborto, legislação, direitos humanos etc. no sítio virtual: http://www.oabortodosoutros.com.br.

*Cassiano Terra Rodrigues é professor de filosofia da PUC-SP

Escultura: imagem recebida de Olívia Santana - BA

Para arqueólogos, Stonehenge era templo de cura

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Para arqueólogos, Stonehenge era um templo de cura

Seg, 22 Set 2008, 01h44

Dois arqueólogos britânicos, Geoffrey Wainwright e Timothy Darvill, afirmaram hoje terem descoberto o principal motivo por trás da construção de um dos mais conhecidos e menos compreendidos monumentos da antiguidade: o Stonehenge. Para os britânicos, as pedras de Stonehenge, um círculo de pedras construído há milhares de anos, seriam uma espécie de "Lourdes primitiva", que atraía peregrinos de todos os cantos da Europa na Pré-História em busca de cura.

"Nós descobrimos diversas razões para acreditar que as pedras foram dispostas como parte de uma crença em um processo de cura", disse Wainwright a jornalistas reunidos em Londres.

Wainwright e Darvill, os primeiros arqueólogos a escavarem o Stonehenge em mais de 40 anos, disseram que a chave para sua teoria é a existência de um duplo círculo de pedra-lípes, uma rocha rara, bem no centro do monumento.

A presença das pedras-lípes na antiguidade ficou mais evidente quando os dois cientistas encontraram uma montanha de detritos dessa rocha durante as escavações. "Pedaços de pedra-lípes também foram encontrados em tumbas no entorno de Stonehenge", acrescentou Wainwright.

Ainda de acordo com ele, a prova não está apenas nas rochas, mas também nos ossos. Esqueletos recuperados do local mostraram sinais de graves doenças ou ferimentos. "As pessoas estavam em um estado de aflição, se é que posso dizer isso assim tão educadamente, quando iam ao monumento de Stonehenge", disse Darvill.

As evidências, prosseguiram eles, apontam para que o local funcionasse como um centro de peregrinação ao qual iam pessoas de todas as partes da Europa em busca de cura. Os cientistas, no entanto, não descartam a possibilidade de o Stonehenge ter outras funções. "Ali poderia ser um templo, assim como um centro de cura. Como Lourdes, por exemplo, é um centro religioso", comparou Darvill.

O Stonehenge é alvo constante de debates e especulações referentes a sua função para os primórdios da Europa. Enquanto alguns consideram o local um templo de devoção ao sol, outros afirmam que o Stonehenge seria um cemitério sagrado. Há ainda quem acredite se tratar de uma calculadora astronômica pré-histórica.

fonte: AE - Agência Estado

extraído de
http://br.noticias.yahoo.com/s/22092008/25/mundo-arqueologos-stonehenge-templo-cura.html

Mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge

Stonehenge (do inglês arcaico "stan" = pedra, e "hencg" = eixo) é um monumento megalítico da Idade do Bronze, localiza-se na planície de Salisbury, próximo a Amesbury, no condado de Wiltshire, no Sul da Inglaterra.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Boas escolas

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Artigo - Antoninho Marmo Trevisan - O Globo - 12/9/2008

O primeiro "Mapa de Estudos Superiores na América Latina e no Caribe", elaborado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), revela que somente 13,8% das escolas de terceiro grau, entre as mais de nove mil instituições do gênero existentes na região, têm avaliação positiva quanto à qualidade. O índice é preocupante para as nações do continente, considerando que a formação acadêmica constitui-se em requisito fundamental à conquista do desenvolvimento. Sob o ponto de vista das carreiras profissionais, o estudo também significa importante alerta: é essencial buscar escolas gabaritadas, pois diplomas e títulos universitários são diferenciais efetivos na luta pelo sucesso somente se forem a garantia e o "selo" de um ensino de excelência.

A seriedade, a credibilidade e a competência da Unesco sugerem ser prudente considerar o conteúdo desse inédito relatório, produzido sobre substantiva base de dados e estatísticas de 28 dos 33 países membros da organização na América Latina e no Caribe. O trabalho evidencia a necessidade de ampliar não só o acesso, mas também a qualidade da educação superior. Cruzando suas conclusões com outros estudos e processos de avaliação realizados no Brasil, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), percebe-se que, em nosso país, o principal problema reside na questão da excelência, levando-se em conta a grande expansão do número de faculdades nos últimos anos.

"ensinar" reflete "aprender" (em inglês)


O Brasil tem excelentes instituições de ensino superior, mas em quantidade insuficiente para atender à demanda do mercado por profissionais altamente qualificados. Assim, é importante a ampliação do número de boas escolas, em nível de graduação, pós-graduação e cursos de MBA. Trata-se de algo importante para o país, o universo corporativo e os profissionais. Sob o ponto de vista do mercado, empresas inteligentes são as que recrutam colaboradores devidamente preparados. Afinal, contar com um quadro de profissionais competentes é imperioso; é o requisito que mais valor agrega às empresas, considerando que o talento humano é o fator exponencial de desequilíbrio num cenário em que todos têm acesso a tecnologias semelhantes.

No início do século XX, o genial norte-americano Henry Ford, grande propulsor da indústria moderna, cunhou frase antológica sobre o significado da boa formação: "Se o dinheiro é a sua esperança para independência, você nunca a terá; a única segurança real que um homem pode ter neste mundo é uma reserva de conhecimento." Se tal exigência já era decisiva num mundo que ainda procurava soluções para a simples produção em série de automóveis e outros bens industriais, o que dizer do presente, quando as tecnologias tornam informação, cultura e saber os mais importantes valores de qualquer organização?

A resposta a esse desafio contemporâneo pode ser encontrada numa velha aliada dos indivíduos e povos vencedores: a sala de aula! É aí que experiência, conhecimento do mercado, conteúdo adequado e bons professores mudam o destino de pessoas, empresas e países.

ANTONINHO MARMO TREVISAN é empresário e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=456391
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Neném Prancha e a educação no Brasil


Coluna - Armando Castelar Pinheiro - Valor Econômico - 12/9/2008

São várias as frases famosas do "filósofo da bola", o inesquecível botafoguense Antônio Franco de Oliveira. É de Neném Prancha, como era mais conhecido, a observação de que "pênalti é uma coisa tão importante, que quem devia bater é o presidente do clube". Este artigo faz um argumento parecido: que a educação é tão importante para o futuro do Brasil que deveria ser responsabilidade direta do presidente da República.

É ocioso relembrar os benefícios da educação, do maior potencial de crescimento à menor criminalidade. Mas o Brasil teve historicamente uma atitude ambígua em relação à educação. Ela sempre foi uma preocupação nas famílias de alta renda, desde quando era comum enviar os filhos para estudar no exterior. Isso levou o país a ter algumas excelentes escolas públicas, que, todavia, atendiam a uma pequena parte da população. Para a maioria, a educação ou não era acessível, ou não era uma prioridade. Essa situação, por sua vez, perenizava a má distribuição de renda, já que o capital educacional permanecia concentrado nas mesmas famílias, enquanto a sua escassez lhe garantia uma alta remuneração.

Esse quadro prevaleceu até pouco tempo atrás: por exemplo, de 1960 (dado mais antigo disponível) a 1980, a escolaridade média do brasileiro com 25 anos ou mais de idade estagnou em três anos de estudo, a despeito do forte aumento do PIB per capita desde a década 1930 (e da incansável retórica política em prol da educação). Em 1980, depois de cinco décadas de forte crescimento econômico, só metade dos brasileiros de 15 a 17 anos de idade freqüentava a escola, e só 15% estavam na série adequada de ensino.

O Brasil vem acordando para esse problema. Em particular, houve uma correta preocupação em ampliar a oferta e a demanda de educação básica, com a expansão da rede escolar, a vinculação de recursos a esse nível de ensino e a criação de programas como o Bolsa Escola (agora Bolsa Família), que condicionam transferências compensatórias de renda à freqüência escolar. Os resultados apareceram: a escolaridade média da população (25 anos ou mais) subiu 2,4% ao ano em 1981-2005 e, já em 2000, 96% das crianças (7 a 14 anos) e 83% dos jovens (15 a 17 anos) freqüentavam a escola.

É preciso estabelecer um sistema de premiação monetária condicionado ao desempenho e valorizar o professor para a sociedade

Em que pesem esses avanços, o Brasil ainda progride menos do que precisa e do que faz o resto do mundo. Em 1980, os brasileiros tinham, em média, um ano e meio de estudo a menos que a média de México, Malásia e África do Sul; em 2000, essa diferença dobrara. Comparações internacionais mostram a precária qualidade do aprendizado em nossas escolas: no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) de 2006, que avaliou 400 mil estudantes de 15 anos de idade em 57 países, o Brasil ficou na 50ª posição em leitura, 53ª em ciências e 54ª em matemática.

Aumentar o gasto com educação pode ajudar a melhorar esse quadro, mas a falta de recursos não é o problema principal. No Brasil, o setor público gasta cerca de 2,9% do PIB com ensino básico, contra uma média de 3,7% na OCDE. Mais importante, portanto, é elevar a eficiência do gasto. Isso passa por gerir melhor os recursos humanos, que respondem por 80% a 90% das despesas com educação nos Estados e municípios, responsáveis por 99,6% da matrícula pública na educação básica. Os problemas são conhecidos: altas taxas de absenteísmo e de professores alocados a atividades não docentes, inclusive fora das secretarias de educação; carga horária inferior à mínima exigida, em especial em matemática e ciências etc. As soluções também são conhecidas, mas esbarram nas regras de pessoal no serviço público, na pressão sindical e no freqüente loteamento político de cargos de direção.

O problema principal é a obrigação de tratar igual os diferentes; em particular, a dificuldade de remunerar melhor quem se esforça mais e/ou leciona disciplinas para as quais o mercado de trabalho oferece boas alternativas em outras carreiras (por exemplo, matemática e ciências). Alguns prefeitos e governadores instituíram programas de bônus por desempenho, mas a dificuldade de limitá-lo aos que se destacam a cada ano é muito grande: é difícil excluir e quase impossível retirar o bônus se o desempenho cai. Há também um problema de auto-estima: usualmente quem decide trabalhar em setores como educação, saúde ou assistência social o faz também por outras motivações que não só o salário. Mas a bem-vinda massificação do ensino foi acompanhada da desvalorização da carreira docente, que precisa ser revertida. Na Finlândia, país em que os alunos obtiveram o melhor resultado no Pisa, a carreira de professor é uma das mais valorizadas socialmente.

Paralelamente, é preciso incentivar a preocupação com o saber. Fomos bem-sucedidos em estimular a demanda e a oferta de matrículas, mas com programas que são ineficazes em termos de promover a qualidade do ensino e a demanda por aprender.

O que o presidente da República pode fazer a respeito? A proposta é que se utilizem as muitas (e boas) avaliações feitas pelo Inep para criar um campeonato brasileiro de escolas, em que ganham as que mais melhorarem seu desempenho de um ano para outro. O presidente entregaria os prêmios aos professores campeões e se responsabilizaria por dar publicidade e valorizar o evento. Vários elementos podem potencializar esse esforço de transformar o Brasil no país da educação - uma avaliação parcial de meio de ano, etapas preliminares em nível estadual envolvendo os governadores, prêmios para diferentes medidas de desempenho, prêmios para os pais etc. Esse programa teria três objetivos: estabelecer um sistema de premiação monetária efetivamente condicionado ao desempenho; valorizar o professor aos olhos da sociedade, dando a todos a chance de tornarem-se "celebridades"; e fomentar a demanda pelo saber nas famílias mais pobres, conscientizando-as de que aprender requer mais do que só ir à escola.

Como diria Neném Prancha, o Brasil tem que ir ao livro e à sala de aula "com a mesma disposição com que vai num prato de comida. Com fome, para estraçalhar". E ninguém menos que o presidente da República deveria liderar essa mudança de percepção sobre a educação.

Armando Castelar Pinheiro analista da Gávea Investimentos e professor do IE - UFRJ. Escreve mensalmente às sextas- feiras.

http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=456471
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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Educação RJ & SEAF no XIII Encontro Estadual de Professores de Filosofia






Encontro de Professores de Filosofia debaterá a Comunicação e a Cultura

Por Adriana Baffa

A Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, realizará o XIII Encontro Estadual de Professores de Filosofia nos próximos dias 25 e 26 de setembro, na UERJ. O encontro é realizado de dois em dois anos e o tema deste ano é “Filosofia, Comunicação e Cultura – contradições e alternativas”. A intenção é debater, além dos temas, a obrigatoriedade do ensino de Filosofia em todas as séries do Ensino Médio.

– Lutamos muito para o retorno desta cadeira às matrizes curriculares e por isso, agora que será obrigatório, queremos antenar os professores e graduandos para que eles estejam sempre se aprimorando – disse Ana Maria Felippe, presidente da SEAF.

Ana Felippe se refere à Lei 11684/08 que altera a Lei de Diretrizes Básicas para incluir Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias no currículo do Ensino Médio de todo o Brasil. A partir do ano que vem todas as escolas deverão ter estas aulas em suas matrizes curriculares.

Além do encontro, o SEAF irá realizar oficinas paralelas, ministradas por professores e doutores, dirigidas para graduandos e outros professores que estejam interessados. As oficinas tratarão de temas como Filosofia na Educação Básica, Filosofia na Universidade, O Perfil do Professor de Filosofia, e as intercessões de Filosofia e Cinema, Filosofia e Literatura, Filosofia e Teatro, etc.

– Nossa intenção é fazer com que os professores de Filosofia realizem aprimoramentos tanto do ponto de vista teórico, como do prático. Não que não tenham aprendido na faculdade, mas acreditamos que é preciso conhecer além da teoria da Filosofia para que o conhecimento seja revertido para a vida prática do aluno – explica Ana Maria Felippe, presidente da SEAF.

Segundo ela, as inscrições devem ser feitas até o dia 5 de setembro através do email seaf_filosofia@yahoo.com.br. Para maiores informações basta entrar no site http://br.geocities.com/seaf­­_filosofia/SEAF. As inscrições são limitadas em até 20 alunos por oficina, no entanto, de acordo com Ana Felippe, as vagas podem aumentar caso haja procura.

– A SEAF foi criada em 1976, em pleno período de repressão política, com o objetivo de resgatar uma Filosofia crítica sobre os problemas sociais daquele período e lutar pela volta dessa disciplina ao Ensino Médio. Naquele momento e no momento posterior, a Sociedade se constituiu como entidade de nível nacional, com regionais em vários estados do País – conta Ana Felippe.

Segundo ela, o desafio da SEAF, hoje, consiste em produzir filosofia pertinente com a realidade atual, atuando nas transformações das estruturas sócio-culturais e fomentar as atividades de seus membros tornando-os participantes desses processos.

Além disso, entre os objetivos da Sociedade estão a retomada da iniciativa cultural e filosófica junto aos professores de Ensino Médio, através de simpósios, cursos de especialização em Filosofia e em novos modelos.

fonte:
http://www.educacao.rj.gov.br/index5.aspx?tipo=categ&idcategoria=448&idItem=2931&idsecao=13

O XIII Encontro Estadual de Professores de Filosofia conta com