sábado, 14 de novembro de 2009

Helene Stöcker, primeira alemã doutora em Filosofia

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1869: Nasce a primeira filósofa alemã

No dia 13 de novembro de 1869, nasceu a feminista Helene Stöcker, primeira alemã a se doutorar em Filosofia. Mais tarde, ela defendeu o direito das mulheres ao voto e destacou-se como pacifista.


Depois que Helene Stöcker apresentou em 1897 uma palestra sobre Nietzsche e as mulheres num seminário na Universidade Frederico Guilherme (agora Universidade Humboldt) em Berlim, o professor Wilhelm Diltey a contratou como sua assistente. Possibilitou-lhe assim começar um estudo de Filosofia na universidade, o que até então não era permitido às mulheres.

A pioneira foi em frente, tornando-se em 1901 a primeira alemã a obter o título de doutorado, em Berna, na Suíça. Em seguida, ela foi trabalhar como docente na Escola Superior Lessing, uma faculdade particular em Berlim, na qual até Albert Einstein lecionou.

Ao mesmo tempo, ajudou a fundar várias organizações, entre as quais a Associação para o Direito de Voto da Mulher e a União para a Proteção da Maternidade e a Reforma da Sexualidade. Esta última entidade foi criada por ela com outras sufragistas em 1905, com o objetivo de diminuir o preconceito contra as mães solteiras e seus filhos.

Em 1903, Stöcker assumiu a responsabilidade pela revista Frauenrundschau, que tratava de questões relativas às mulheres. Segunda a feminista alemã, a base legítima da relação sexual não era o casamento, e sim o amor. Na revista Proteção da Maternidade, lançada pela União, a filósofa divulgava a sua ideia de uma "nova ética", com direitos de voto extensivos às mulheres.

Stöcker se torna pacifista

Em palestra pronunciada num congresso realizado em Haia, na Holanda, em 1910, Stöcker defendeu o direito da mulher às práticas contraceptivas. Durante a Primeira Guerra Mundial, ela se tornou pacifista radical. Outra vez em Haia, em 1915, participou do Congresso Internacional da Mulher para a Paz Permanente e, em 1921, fundou com outros a Internacional dos Adversários do Serviço Militar. Nos anos seguintes, entrou para diversas organizações pacifistas e publicou seu único romance, Liebe (Amor, 1922).

A reformadora da sexualidade nunca se casou, por convicção, mesmo namorando o advogado Bruno Springer desde 1905 até a morte deste, em 1931. Com a ascensão dos nazistas ao poder, Helene Stöcker emigrou, passando várias temporadas em Zurique, na Suécia e na Rússia e indo finalmente para Nova York, onde morreu em 23 de fevereiro de 1943.

Segundo instituto berlinense, Stöcker seria racista

A atuação da filósofa é, contudo, controversa. Segundo Peter Kratz, do Instituto Berlinense de Pesquisa do Fascismo e de Ação Antifascista, ela teria se tornado nacionalista radical e trabalhado na Sociedade para a Higiene das Raças, fundada pelo antissemita e fanático ariano Alfred Ploetz. Stöcker teria ainda fundado a União para a Proteção da Maternidade juntamente com Ploetz e outros alemães ligados ao partido nazista NSDAP.

Além disso, ela teria se juntado ao médico Magnus Hirschfeld, a quem se atribuem castrações e experimentos com homossexuais. Kratz afirma que Stöcker queria reservar a emancipação da sexualidade para a elite, evitando que surgisse uma nova geração medíocre.

Martin Helbich

Fonte www.dw-world.de - Deutsche Welle

agradecimento a Vilma Piedade, pelo envio da notícia
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Segundo Sexo fez 60 anos, em 2009

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O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir

O Segundo Sexo é um clássico publicado por Simone de Beauvoir em 1949. São dois livros sobre a situação da mulher. O primeiro volume recebeu o subtítulo de “Fatos e Mitos”, e o segundo volume foi denominado “A experiência vivida”. Como outros clássicos feministas, encontra-se esgotado no Brasil.

Para fazer o download, em formato PDF, você pode acessar Mídia Independente:
link no midia independente para o volume 1: Fatos e Mitos
link no midia independente para o volume 2: a experiência vivida

Índice dos livros:

O Segundo Sexo, vol.1: Fatos e Mitos

Primeira Parte
Capítulo I — Os dados da biologia
Capítulo II — O ponto de vista psicanalítico
Capítulo III — O ponto de vista do materialismo histórico

Segunda Parte
História
I
II
III
IV
V

Terceira Parte
Os Mitos
Capítulo I
Capítulo II
I — Montherlant ou o pão do nojo
II — D. H. Lawrence ou o orgulho fálico
I I I — Claudel e a serva do Senhor
IV — Breton ou a poesia
V — Stendhal ou o romanesco do verdadeiro
VI —
Capítulo III

O Segundo Sexo, vol.2: A Experiência vivida

Introdução

Primeira Parte
Formação
Capítulo I — Infância
Capítulo II — A Moça
Capítulo III — A Iniciação Sexual
Capítulo IV — A Lésbica

Segunda Parte
Situação
Capítulo I — A Mulher Casada
Capítulo II — A Mãe
Capítulo III — A Vida Social
Capítulo IV — Prostitutas e Hetairas
Capítulo V — Da Maturidade à Velhice
Capítulo VI — Situação e Caráter da Mulher

Terceira Parte
Justificações
Capítulo I — A Narcisista
Capítulo II — A Amorosa
Capítulo III — A Mística

Quarta Parte
A Caminho da Libertação
Capítulo Único — A Mulher Independente

Conclusão


Foto de Simone de Beauvoir extraída de The Avant Guardian
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sábado, 7 de novembro de 2009

Dia Mundial da Filosofia 2009 - 19 de novembro

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Dia Mundial da Filosofia no Brasil 2009

Esta é a segunda edição do evento realizado pela UFRJ (IFCS) no País, em parceria com a representação da UNESCO no Brasil e com o patrocínio do Banco do Brasil.

A comemoração ocorre no dia 19 de novembro (quinta-feira), das 10h às 18h, na Casa da Ciência da UFRJ - Rua Lauro Müller 3, Botafogo - Rio de Janeiro - RJ

As atividades contemplam

# a realização do ciclo de diálogos intitulado "Novas perspectivas filosóficas para o Brasil" com a presença de professores e especialistas em Filosofia reconhecidos no cenário nacional,

# e a disponibilização de um espaço multimídia de Filosofia, cujo objetivo principal é ampliar as possibilidades de compreensão da mesma através de diferentes mídias.Neste espaço multimídia, o público poderá assistir a vídeos e experimentar áudios especialmente produzidos para a mostra, com trechos de textos e biografias de vários filósofos, tudo isso a partir de um painel expositivo criado para despertar a curiosidade e estimular a interação.

E mais:

# exposição de cartazes cedidos pela UNESCO,
# montagem de uma linha cronológica da Filosofia
# transmissão ao vivo das atividades do auditório para o salão de exposição da Casa.

Programação

# Auditório - Ciclo de diálogos: “Novas Perspectivas Filosóficas para o Brasil”

# Mesa I – 9h 30min às 12h

Coordenador: Profº André Martins
Mediador: Conrado Cavalcante

Alexandre Mendonça (UFRJ) - Confirmado
Filipe Ceppas (UGF) - Confirmado
Rafael Haddock Lobo (UFRJ) - Confirmado

# Mesa II – 13:30 às 16h

Coordenador e mediador: Gabriel Cid

Guilherme Castelo Branco (UFRJ) – Confirmado
Jorge Vasconcellos (UGF) – Confirmado
Walter Kohan (UERJ) – Confirmado

# Salão de Exposições - Montagem do Espaço Multimídia de Filosofia

Visitação: das 10h às 18h

# Painel expositivo de áudios e vídeos
# Transmissão simultânea dos diálogos ocorridos no auditório
# Transmissão do evento ao vivo pela internet
# Exposição de Cartazes cedidos pela UNESCO
# Montagem de uma linha cronológica da Filosofia com imagens impressas
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Mais Informações


Este evento é idealizado e produzido por alunos de Filosofia, que também atuam na área da produção cultural, sob a curadoria e coordenação acadêmica do Prof. Dr. André Martins (UFRJ).

site: http://www.diamundialdafilosofia.com.br
e-mail: contato@diamundialdafilosofia.com.br

Produção 21-2507-3714
Tiago Gomes - tiago@diamundialdafilosofia.com.br
Djalma Lopes - djalma@diamundialdafilosofia.com.br
Coordenação
Conrado Cavalcante - conrado@diamundialdafilosofia.com.br
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Clique sobre os títulos para saber sobre:

> Algumas celebrações no mundo - link em francês

> Algumas celebrações no mundo - link em inglês

O que pensa a UNESCO sobre a Filosofia. Com a palavra Pierre Sané, Sub-Diretor Geral para as Ciências Sociais e Humanas

> Il n'y a pas d'UNESCO sans philosophie

> Philosophy at UNESCO
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Clique AQUI para saber sobre a instituição do Dia Mundial da Filosofia

Em 2008, 0 Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ se uniu às comemorações mundiais e as atividades reuniram um público diversificado que mostrou grande interesse pela Filosofia.

Veja AQUI como foi o Dia Mundial da Filosofia no mundo, em 2008, e a participação da UFRJ (IFCS) inscrevendo o Brasil no cenário mundial.
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Claude Lévi-Strauss morre aos 100 anos

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4/11/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O antropólogo Claude Lévi-Strauss morreu, aos 100 anos, na madrugada do último domingo (1/11). O anúncio foi feito apenas nesta terça-feira (3/11) pela Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris (França).

Conhecido como o fundador da antropologia estruturalista, Lévi-Strauss participou, na década de 1930, da missão francesa que organizou alguns dos cursos da Universidade de São Paulo (USP) pouco após sua fundação, em 1934.

De acordo com Fernanda Arêas Peixoto, professora do Departamento de Antropologia da USP, a influência intelectual de Lévi-Strauss – que realizou no Brasil seus primeiros estudos de etnologia entre populações indígenas – transcende a antropologia.

“Ele foi sem dúvida um dos maiores antropólogos da história e, a partir de seus trabalhos ligados ao âmbito do parentesco e dos mitos, influenciou todos os ramos da antropologia. Mas, especialmente a partir de 1962, com a publicação de Pensamento selvagem, sua obra passou a dialogar com a filosofia. Daí em diante, o estruturalismo adquiriu uma importância enorme, com impacto na filosofia, na psicanálise, na crítica literária e nas ciências humanas de modo geral”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Fernanda, que em 1991 defendeu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a dissertação de mestrado Estrangeiros no Brasil: a missão francesa na USP, o inegável impacto do pensamento de Lévi-Strauss sobre a antropologia brasileira se deu por meio de sua obra posterior à estadia no país.

“Na época da missão francesa, entre 1935 e 1938, ele era um jovem etnógrafo em período de formação. No Brasil, fez suas primeiras pesquisas de campo e trabalhos etnográficos. Publicou aqui seus primeiros trabalhos. Durante a Segunda Guerra Mundial, fixou-se nos Estados Unidos, onde completou sua formação”, contou.

A leitura de Lévi-Strauss feita pelo norte-americano David Mabury-Lewis, na década de 1960, exerceu forte influência na antropologia brasileira, reintroduzindo no país a obra do antropólogo nascido em Bruxelas, de acordo com Fernanda. Segundo ela, Mabury-Lewis participou naquele período do projeto Harvard-Brasil Central, realizado pelo Museu Nacional em parceria com a Universidade de Harvard (Estados Unidos).

Sob orientação de Fernanda, a mestranda Luiza Valentini está atualmente realizando uma pesquisa – com apoio da FAPESP – sobre a interação entre Lévi-Strauss, Dina Dreyfuss (sua esposa na época da missão francesa) e o escritor Mário de Andrade, que na década de 1930 empreendeu um amplo trabalho de campo sobre manifestações da cultura popular brasileira.

O trabalho tem base em documentação inédita da Sociedade de Cultura e Folclore dirigida por Andrade na época. “Mário de Andrade foi muito marcado por essa colaboração”, disse Fernanda.

Tristes trópicos

“Estudou na Universidade de Paris e demonstrou verdadeira paixão pelo Brasil, conforme registrado em sua obra de sucesso Tristes Trópicos, em que conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do país. Lévi-Strauss completaria 101 anos no fim deste mês”, divulgou a reitoria da USP em nota oficial.

Trajetória

Em 1927, Lévi-Strauss iniciou seus estudos em filosofia. Começou a lecionar em 1932. Em 1935, levado pelo “desejo da experiência vivida das sociedades indígenas”, como contou, aceitou lecionar na USP durante três anos. Nesse período, empreendeu diversas missões de estudo entre os índios Bororo e Nhambiquara, em companhia de sua esposa. O casal se separou em 1939, ao retornar à França. O antropólogo se casou novamente em 1945 e em 1954.

Banido do ensino em seu país, em decorrência das leis antissemitas da França ocupada do regime de Vichy (1940-1944), partiu para Nova York, onde teve contato com os surrealistas e se aproximou de Roman Jakobson, linguista que teve influência decisiva na construção de sua obra.

O pós-guerra foi um período instável para Lévi-Strauss, que publicou então suas primeiras obras de peso, ainda não reconhecidas. Foi adido cultural em Nova York e participou de missões da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Índia e no Paquistão. Em 1950, foi nomeado professor da Escola Prática de Altos Estudos da França.

Em 1955, publicou Tristes trópicos, um relato de suas viagens que se tornou ao mesmo tempo um sucesso literário e uma referência científica. Publicou Antropologia estrutural em 1958 e em 1959 assumiu o Departamento de Antropologia Social do Collège de France, passando a desenvolver atividade intensa como autor e organizador, que lhe valeram crescente reconhecimento internacional. Depois de O Pensamento selvagem (1962) e os quatro volumes de Mitologias, passou a ser reconhecido com um dos grandes autores do século 20.

Em 1973, foi eleito para a Academia Francesa. Em 1985, acompanhou o presidente francês François Mitterrand ao Brasil. Suas coleções de objetos foram expostas no Museu do Homem, em Paris, em 1989. Suas fotografias do Brasil foram editadas em 1994.

Fonte Agencia FAPESP
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