terça-feira, 6 de abril de 2010

A História da SEAF ou a SEAF na História - 2

-
Os filósofos e a sua preocupação

Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de agosto de 1980

Qual é o papel da filosofia nos dias de hoje?

A julgar pelo grupo de professores que em fins do ano passado criou a regional do Paraná da Sociedade de estudos e Atividades Filosóficas, deve ser importante a participação dos profissionais da área na discussão dos problemas contemporâneos. Tanto é que o grupo de professores reuniu-se para editar uma revista de estudos, intitulada "Textos" (100 páginas, composta na Editora Litero-Técnica), que terá lançamento oficial segunda-feira, às 17h30 min, na Livraria Nova Ordem, de Aramis Chaim, o mais estimado (e bem relacionado) livreiro da cidade. Os professores Emmanuel José Appel e Suzana Munhoz da Rocha Guimarães são os coordenadores de "Textos SEAF", que neste primeiro número traz estudos de Beatriz Cunali ("o lugar do progresso na pedagogia kantiana e a aufklarung"), Emmanuel Appel ("notas para uma teoria da educação"), Inês Lacerda Araújo ("Alguns aspectos da semântica situacional de Ducrot"), Marilena de Sousa Chaui ("Sartre ou da liberdade"), Maria José Justino ("O saber e a dominação"), Suzana Munhoz da Rocha Guimarães ("A educação na perspectiva da ideologia liberal") e César Augusto Ramos ("Autoritarismo e repressão sexual segundo Wilhelm Reich").
-----
Se a revista, pelo seu próprio conteúdo, se destina a uma faixa específica de leitores e interessados, a apresentação da SEAF Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos, se posiciona de forma franca e positiva. O editorial diz que a entidade "constitui-se em resposta à necessidade e questionamentos próprios do que fazem e pensam a filosofia, sua validade e sua função social. Fundada no Rio de Janeiro, em 1976, obteve imediata ressonância em vários Estados, que criaram suas regionais. No Paraná, ela é nova. Surge em fins de 1979, da urgência em conquistar para a filosofia um ambiente onde possa mover-se sem amarras, livre dos burocratas que asfixiam o lugar acadêmico, das interferências nocivas, das vigilâncias.

Surge a SEAF no Paraná como alternativa para repensar a filosofia, que vimos quase abatida, relegada ao trato de miudezas, reduzida a um saber ornamental, suprimida do ensino secundário e subsistindo como apêndice em algumas escolas superiores, por obra e graça daqueles que promovem sua agonia e se ocupam de cochichar aos ouvidos do principe".

No editorial, queixam-se ainda os filósofos paranaenses: "Além disso, vemos muitas vezes os conceitos teóricos com os quais trabalhos serem revestidos de uma falsa universalidade que os distancia da realidade por nós vivida, desviando-se do objeto que apontam e esvaziando-os de todo o conteúdo. Entendemos que se deve tocar o real para poder apreendê-lo, surpreendendo as relações sociais que o atravessam. É sobre o real e suas contradições que nos devemos nos debruçar, procurando decifrar-lhe as entranhas e o sentido, contribuindo para sua transformação".
-----
A quem interessar possa, maiores detalhes podem ser obtidos com a SEAF, caixa postal 21, Curitiba, Paraná.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Veiculo: Estado do Paraná
Caderno ou Suplemento: Nenhum
Coluna ou Seção: Tablóide
Página: 8
Data: 09/08/1980

Extraído de Tabloide Digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch, em 06 de abril de 2010, a quem agradecemos.


Nenhum comentário: