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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Por que não há segurança na/s Cidade/s Universitária/s?


Por que não há segurança na Cidade Universitária?
Escrito por Coletivo A USP que queremos
19-Mai-2011

  • Para garantir um campus seguro é necessário, ao invés da presença da PM, um corpo de funcionários públicos da Universidade que tenha relação com a comunidade e como principal meta a prevenção de delitos.

Ao final do ano passado nos deparamos com uma situação estarrecedora: um estudante morreu após horas sem socorro ao lado da Reitoria da Universidade. Dia 18/05 desse ano, novamente somos surpreendidos com o homicídio de um estudante da Universidade que supostamente sofreria um assalto. Somos solidários aos familiares e amigos dessas vítimas e lamentamos muito os acontecimentos. É hora de dar um basta a esse descaso.

Ao longo desses primeiros meses do ano vimos inúmeras notícias sobre furtos, roubos e até seqüestros relâmpagos no campus. Além disso, sabemos da ocorrência de diversos casos de estupro. Falta iluminação em pontos de ônibus e diversas ruas do campus e, além disso, há muitos locais sem manutenção que se tornam grandes matagais inóspitos dentro da Universidade. Num primeiro momento, pode parecer que a saída para esse problema tão grave é o aumento de policiamento, catracas e câmeras na USP. Mas será mesmo essa a solução?

A USP Butantã é um gigantesco campus, com diversas unidades e pessoas circulando o tempo todo. O que poderia ser um pólo atrativo para a região, de integração e convívio com a comunidade universitária, na verdade é um espaço cercado, fechado à comunidade exterior a seus muros.

USP – Universidade Pública?

Não se entra na USP depois de determinado horário sem carteirinha. Não raro, a Guarda Universitária age de forma discriminatória com a população pobre e negra caso tente entrar na universidade.

Os moradores das comunidades do entorno precisam passar pelas pouquíssimas portarias e muitas vezes ser tratados de forma discriminatória dentro do campus. Não há atividades que sirvam à incorporação e acesso de qualquer pessoa que não tenha vínculo Universitário, ou seja, atraída por atividades acadêmicas (excetuando raras ocasiões).

Quando a Universidade se abre, mantém claramente seu corte social, a exemplo das maratonas privadas (Nike, Pão de Açúcar), de público seleto, que aqui ocorrem.

Como disse o diretor da FEA , a USP é um ‘aquário’, um local sujeito a crimes, porém, ao contrário do que diz, a resposta não é uma Guarda Universitária armada. Temos uma GU alheia à comunidade, preconceituosa (com homossexuais e mulheres agredidas), preocupada centralmente com a defesa do patrimônio e repressão aos estudantes.

A Reitoria ao resumir o debate em "mais polícia no campus" se exime de sua responsabilidade nesta que é a crônica de uma morte anunciada (roubos, seqüestros, morte por inadimplência). Propõe câmera e catracas ao invés de mais pontos de ônibus (inclusive se recusa a atender a demanda de ônibus circular gratuito até o metrô Butantã), iluminação, manutenção e guarda universitária preparada a nos atender.

Na verdade, o que vemos na prática é o descaso com as reais demandas e o investimento das verbas públicas naquilo que não é prioridade para a maioria da comunidade universitária – e nem para a população.

Por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e aberta a todos e todas!

Para garantir um campus seguro é necessário, ao invés da presença da PM, um corpo de funcionários públicos da Universidade que tenha relação com a comunidade e como principal meta a prevenção de delitos. Precisamos de mais iluminação, manutenção de toda a estrutura do campus (em dia, sem matagais!) e nos abrir à comunidade que financia essa instituição pública.

Só uma USP que faça parte da realidade da cidade e que entenda de fato seu caráter público pode superar os problemas de segurança.

Militarizar a Universidade não resolve nossos problemas, restringe a autonomia universitária, não mudará a vida dos que aqui trabalham e estudam e subverte o caráter da USP que queremos.

Queremos uma segurança preventiva na Universidade, composta por trabalhadores públicos e gerida pela comunidade, com iluminação e manutenção de todas as áreas do campus, além de democracia na gestão de recursos da Universidade.

USP pública e aberta a todos!

Coletivo A USP que queremos. 



Os "/s" no título da postagem foram inseridos por nós, uma vez que esse tipo de Problema é frequente nas universidades brasileiras, especialmente naquelas que estão em campus.  Vale anotar que, a nosso ver, a "reengenharia" que levou à terceirização de serviços é a grande responsável por isso.  Diz-se que terceirizam-se serviços "não essenciais".  E o que são serviços essenciais? Vale debater os conceitos na área da administração do campus, exatamente como se debate no hiato da sala de aula!

domingo, 1 de agosto de 2010

Novas regras para funcionamento de Fundações de Pesquisa

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Medida Provisória resolve impasse de fundações

Governo federal oferece solução para as restrições ao funcionamento das fundações de apoio à pesquisa das ICTs, impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) desde 2008

A MP 495/2010 foi assinada nesta segunda-feira, dia 19 de julho, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia após reunião com representantes da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O texto, com força de lei, está publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira, dia 20

Conforme adiantado pelo "JC e-mail" em 25 de junho, as alterações na Lei 8.958/1994 - que dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior (Ifes) e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio - valerão para todas as instituições científicas e tecnológicas (ICTs) públicas, de qualquer esfera de governo. A MP foi elaborada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em diálogo com outras pastas.

A nova legislação, no entanto, não possui a abrangência do anteprojeto de MP elaborado pela SBPC e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), apresentado ao presidente Lula antes da abertura solene da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), no fim de maio, em Brasília.

Segundo a MP 495, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as demais "agências financeiras oficiais de fomento" estão autorizadas a firmar convênios e contratos com as fundações das Ifes e ICTs. Aí estão incluídos o apoio à pesquisa científica e tecnológica, e a gestão administrativa e financeira dos projetos.

Além de alterar a Lei 8.958/1994, a MP 495 muda a redação da Lei de Inovação (10.973/2004), para esclarecer as definições de "ICT" e de "instituição de apoio".

Também foram incluídos na MP mecanismos para aumentar a transparência na atuação das fundações. A Lei 8.958/1994 foi acrescida do Artigo 4º-A, segundo o qual as fundações estão obrigadas a publicar na internet uma série de informações, como relatórios semestrais da execução dos contratos.

Com a inclusão do Artigo 4º-B na mesma lei, também está autorizada a concessão de bolsas por parte das fundações, para alunos de graduação e pós-graduação vinculados a projetos de pesquisa apoiados. Servidores das Ifes e ICTs também poderão receber bolsas de ensino, pesquisa e extensão nos projetos.

Restrições

Em sua Sessão Plenária de 26 de maio passado, o TCU fixou até 31 de dezembro o prazo para cumprimento do subitem 9.4.1 do Acórdão 2.731/2008, que determina a proibição a repasses de verbas federais "com objetivos de fomento à pesquisa científica ou tecnológica, diretamente para fundações de apoio a Ifes (instituições federais de ensino superior)".

O acórdão de 2008, relatado pelo ministro Aroldo Cedraz, analisa a atuação das fundações de apoio à pesquisa das universidades federais à luz Lei 8.958/1994. Segundo a interpretação do TCU, a lei de 1994 não autorizaria as fundações a administrarem recursos repassados por agências de fomento.

Apesar das restrições, em março do ano passado, por solicitação do MCT e do MEC, o TCU havia concedido 360 dias para início do cumprimento da determinação do item 9.4.1 do Acórdão 2.731/2008. O prazo, dado para que as Ifes pudessem se adequar às novas regras, terminou em 26 de março último.

Nesse mesmo dia, foi publicado no Diário Oficial da União o Acórdão 1.255/2010 do TCU, que analisa contas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e estende as restrições impostas pela norma de 2008 a todas as ICTs públicas, em todas as esferas de governo, e não apenas às Ifes. Em maio, conforme o Acórdão 2.035/2010, o TCU também daria prazo de 360 dias para o cumprimento do Acórdão 1.255/2010.

Ou seja, até a edição da MP 495/2010, nesta terça-feira, dia 20, as restrições impostas pelos Acórdãos 2.731/2008 e 1.255/2010 estavam suspensas, mas apenas temporariamente. Ao fazer mudanças na Lei 8.958/1994, a MP resolve as restrições a todas as ICTs, em todas as esferas.

Proposta

No mesmo dia em que o TCU ofereceu mais prazo para as Ifes cumprirem o acórdão de 2008, durante a 4ª CNCTI, os presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da ABC, Jacob Palis Jr., entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um anteprojeto de MP para criar um regime jurídico especial para a realização de licitações e estabelecimento de contratos por ICTs e agências de fomento. Em 8 de junho, Raupp teve uma audiência com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para tratar do anteprojeto.

A proposta buscava autorizar as instituições a efetuar suas compras e contratações com base em regulamento próprio, elaborado de acordo com as normas da administração pública, e não mais pela Lei 8.666/93 (Lei Geral de Licitações e Contratos Administrativos), considerada um entrave à pesquisa no Brasil. Dessa forma, ela resolveria as restrições impostas pelo TCU e daria um passo além na desburocratização das atividades científicas.

Presente à reunião entre Raupp, Palis Jr. e o presidente Lula, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, reconheceu que o anteprojeto das duas entidades seria uma solução mais abrangente. Segundo Rezende, o presidente Lula entregou ao MCT a tarefa de trabalhar no anteprojeto.

"Passei para o meu chefe de gabinete e pedi para examinar com cuidado", disse o ministro, em entrevista ao "JC" durante a 4ª CNCTI. "Temos que ver se realmente [a proposta] é factível, se tudo o que está lá pode ser feito, se não contraria outros preceitos maiores", completou Rezende, cerca de dois meses atrás.

  1. Fontes:
  2. Jornal da Ciência (extraído de)
  3. D. O. - MEDIDA PROVISÓRIA N o - 495, DE 19 DE JULHO DE 2010
  4. Fundações deixam de ser 'caixa' de universidades e buscam setor privado
  5. As novas regras das fundações de pesquisa


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domingo, 18 de julho de 2010

Revista Pensamento Plural, UFPEL, RS

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Pensamento Plural é a revista científica editada semestralmente pelo Instituto de Sociologia e Política e pelo Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas.

O periódico tem por objetivo ser um canal de divulgação da produção científica em ciências humanas e sociais. Para tanto, são muito bem-vindos trabalhos ambientados nestas áreas do conhecimento.

Semestralmente também são abertas chamadas para artigos e resenhas, seja para dossiês temáticos seja para dossiês abertos. É importante salientar, no entanto, que o envio de trabalhos para avaliação e eventual publicação pode ser feito a qualquer momento. Para tanto, o(a) autor(a) deve seguir estritamente as normas para submissão de artigos e de resenhas que estão disponíveis na seção “Instrução para Autores”.

Pensamento Plural teve seus quatro primeiros volumes editados em meio físico. A partir da edição de 2009/2, o periódico passará a ser editado somente em formato eletrônico, permitindo que os trabalhos publicados na revista estejam acessíveis a um público cada vez maior de leitores. Outra novidade deste novo formato é a aceitação de artigos, além de em português e em espanhol, em inglês, visando internacionalizar o periódico para autores e para leitores.

Tudo sobre Pensamento Plural AQUI
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SEAF responde: mestrado em Marx

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PERGUNTA / pergunta recebida através do Formulário PRO no menu à esquerda.

Desejo informação sobre o mestrado em Marx. Charles

RESPOSTA:

As respostas possíveis para “informações sobre mestrado em Marx” estão condicionadas à modalidade do curso (presencial ou a distância) e à cidade do Brasil em que você se encontra, ou para onde pode se deslocar.

Por outro lado, talvez você quisesse estudar Marx não propriamente fazendo um “mestrado em Marx”, mas fazendo um mestrado onde você pudesse escolher uma “Linha de Pesquisa” e/ou “Área de Concentração” em Marx (ou nos temas marxistas). Nessa direção, você poderia fazer Mestrado em Educação, Filosofia, Economia, Ciências Sociais, etc.

Além das orientações sobre cursos de pós-graduação que você encontra nas postagens neste Blog SEAF, no “marcador” SEAF responde ou no "marcador" Extensão e Pós, vale visitar algumas Universidades, a título de tomada de decisão:


Você pode conhecer, mesmo pela internet, outra universidade pública ou privada que esteja em sua cidade ou em cidade vizinha. Para isso, basta lançar mão de um site de busca. Encontrando algo que ache interessante / importante, fique à vontade para entrar em "Contato" e perguntar.

Figura: O Pensador de Quioco, AO

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SEAF responde: Filosofia a distância - Graduação e Pós

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PERGUNTA:

Gostaria de uma orientação: Sou moradora em São Vicente-SP e estou interessada em cursar a faculdade de Filosofia. Aqui na região há 02 faculdades que ministram estes cursos: a Universidade Metodista de SP e a Universidade Metropolitana ( UNIMES). Vou fazer o curso a distância. O meu objetivo e dar aulas no ensino médio e posteriormente em faculdades.

1- como saber qual das 02 faculdades é melhor?
2- para dar aula em faculdade é melhor fazer mestrado ou pós? Pode me indicar, aqui na minha região, qual faculdade ministra estes cursos?
3- hoje tenho 41 anos. Como posso reverter a idade a meu favor nesta nova profissão? Yannes M. Ferreira

RESPOSTA:

  • Sobre como conhecer os cursos

O IGC - Índice Geral de Cursos da Instituição - é um indicador de qualidade de instituições de educação superior (IES) que considera, em sua composição, a qualidade dos cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado). No que se refere à graduação, é utilizado o CPC (conceito preliminar de curso) e, no que se refere à pós-graduação, é utilizada a Nota Capes. O resultado final está em valores contínuos (que vão de 0 a 500) e em faixas (de 1 a 5).
O IGC é apurado pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e será divulgado anualmente pelo Inep/MEC.

O indicador mais atualizado, é o de 26/01/2011 e se refere ao IGC 2009. Clicando sobre a referência no menu à direita NESTE LINK, ou diretamente no arquivo EXCEL AQUI, você poderá analisar as 3 universidades que têm administrações privadas em sua região (considerando as referências de sua pergunta), e/o fazer outras consultas.

Para mais análises, você pode entrar no portal das Universidades e, no caso de seu interesse – Cursos a Distância – você deverá entrar diretamente nos links que tratam dessa modalidade, na Metodista e na UNIMES.

Se puder saber o nome dos/as docentes, você poderá consultar, também, o currículo de cada um /a na Plataforma Lattes e constatar sua proficiência, inclusive na modalidade EAD. Você também pode fazer consulta direta AQUI.


  • Você se refere ao Ensino Médio e logo depois diz de sua intenção em dar aula em faculdade.

Com a obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia (Lei 11.683/2008), o campo para a docência em Filosofia ficou bem mais aberto, apesar de algumas dificuldades na aplicação da Lei, conforme você poderá constatar aqui, no Blog da SEAF, especialmente nas postagens “Legislação” em “Marcadores”, no menu à esquerda.

Sobre aulas em faculdades, de acordo com as exigências do MEC, inclusive para que as faculdades alcancem bons índices (como os constantes da avaliação do IGC), professores/as devem ter cursos de Especialização, Mestrado e Doutorado (cabendo cotas para cada titulação) para atuarem no ensino superior. Para cursos de mestrado e doutorado, inclusive na modalidade a distância, você pode consultar, também neste Blog, no menu à esquerda “EAD”, em “Marcadores”.

Você pode consultar diretamente o Catálogo de Cursos da ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância ou pode perguntar ao Blog da Educação a Distância.

Não deixe de ler: "Padrões Mínimos – Qualidade na EAD", também no Blog de EAD.

  • Sobre "reverter a idade a seu favor", pensamos que "idade" é conceito cultural que, sim, diz respeito à cultura ocidental. Mas mesmo no Ocidente, onde parâmetros de consumismo (inclusive do corpo e da mente) tentam determinar tempos para a vida humana, a vida de seres humanos sempre será útil, especialmente se trabalhamos nosso lado humano, mais humano, que é o do Conhecimento e da Criação. Não se intimide com sua cronologia. Verifique em nosso relógio neste Blog "tempo é diferente de cronos". E a Filosofia estuda o Tempo, a temporalidade, apesar de fazer isso em tempos históricos determinados - o cronos de duração dos/as filósofos/as.
Colocamos adiante o quadro da pesquisa que fizemos (índice IGC), com as instituições referidas em sua pergunta. Clique sobre para ver em tamanho maior.

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quinta-feira, 11 de março de 2010

Livros digitais da Unesp

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Livros digitais da Unesp

Por Fábio de Castro
11/3/2010

Agência FAPESP – A Universidade Estadual Paulista (Unesp) encontrou uma solução inovadora para oferecer acesso universal ao conhecimento produzido em sua pós-graduação: o Programa de Publicações Digitais, que lança nesta quinta-feira (11/3) sua primeira coleção, com 44 títulos inéditos.

O programa, decorrente de uma parceria entre a Fundação Editora Unesp (FEU) e a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG) da universidade, publica em formato digital livros exclusivamente produzidos para esse fim, com foco nas áreas de ciências humanas, ciências sociais e aplicadas e linguística, letras e artes.

De acordo com o assessor da PROPG, Cláudio José de França e Silva, os títulos iniciais foram selecionados pelos Conselhos de Programas de Pós-Graduação da universidade.

“No mesmo momento em que estamos lançando esses títulos, publicamos a chamada para a edição 2010 do programa, que editará mais 58 livros. O objetivo do programa, lançado em 2009, é editar 600 livros digitais em dez anos”, disse França e Silva à Agência FAPESP.

Segundo ele, cada programa de pós-graduação da Unesp pode indicar até dois livros para publicação no âmbito do Programa de Publicações Digitais. “É uma maneira inovadora para dar vazão à grande produção acadêmica da Unesp nessas áreas do conhecimento. Todos os livros editados são derivados de pesquisas realizadas em nossos programas de pós-graduação, incluindo muitas teses e dissertações, além de trabalhos de docentes e egressos da universidade na última década”, explicou.

O objetivo principal é universalizar o conhecimento produzido pelos pesquisadores da Unesp em grande escala. “Boa parte da pesquisa fica restrita ao público acadêmico. Por outro lado, a publicação em papel de um volume tão grande de obras levaria anos e teria grandes custos. Com o programa, encontramos uma maneira viável para que esse conhecimento possa atingir um público amplo”, disse.

Como as obras passaram pelo crivo dos conselhos, o conjunto de 44 títulos é um reflexo dos próprios programas de pós-graduação da Unesp. “A seleção das obras leva de três a quatro meses para ser feita. No total, contando com todo o processo de edição e revisão, levamos cerca de um ano entre o início da seleção e a publicação dos livros”, disse França e Silva.

Segundo o assessor, existem outras iniciativas, em outras instituições, de disponibilização de conteúdos de livros na internet. Mas, pela primeira vez, uma universidade realiza um programa que publica obras projetadas, em sua origem, para o lançamento em formato digital.

“Esse é o caráter pioneiro do programa. A proposta é que esses livros permaneçam disponíveis em formato exclusivamente digital, sem qualquer custo para o leitor, democratizando a produção acadêmica da universidade”, afirmou.

As diretrizes do programa vetam a produção de obras derivadas a partir dos livros digitais lançados, a fim de garantir a integridade das obras. Também não é permitida a comercialização.

“Os livros têm um conceito muito bem claro, com um padrão de capas e de editoração definidos. Com isso, bastaria imprimi-los, da maneira que estão apresentados na internet, para termos essas obras em papel. Mas a ideia é que sejam mantidos como livros digitais apenas”, afirmou.

Para baixar os livros, segundo França e Silva, o leitor deve apenas preencher um cadastro sumário no site da Editora da Unesp e gerar uma senha que dá acesso às obras.

“O projeto é de grande importância para os autores. Suas obras, com a chancela da Unesp, serão acessadas por um público universal, que nunca seria atingido se a publicação fosse em papel. Iremos, ainda, ter o controle da quantidade e localidade dos downloads, o que nos permitirá aperfeiçoar as estratégias de publicação no futuro”, afirmou.

Para França e Silva, o público não deverá oferecer resistência ao novo formato. “Quando se começou a digitalizar os periódicos houve uma resistência inicial, mas hoje a maior parte das publicações é feita nesse formato. No entanto, não acreditamos que o livro de papel esteja desaparecendo. Trata-se apenas de uma nova forma de divulgar a ciência”, disse.

Segundo ele, os livros digitais serão cada vez mais importantes, em particular para as áreas de humanidades e artes – por isso o programa tem foco nessas áreas.

“Em geral, os pesquisadores das áreas de exatas e biológicas querem encaminhar suas pesquisas para periódicos o mais rápido possível. Mas nas áreas de humanas o livro tem um peso todo especial”, disse.

Mais informações: www.culturaacademica.com.br

Estraído de Agência FAPESP
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domingo, 7 de fevereiro de 2010

SEAF responde: Filosofia a distância - Pós

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PERGUNTA / recebida através do Formulário SEAF

Gostaria de informações de Cursos de Mestrado a Distância em Filosofia, já que como professor preciso estar sempre em contato com atividades acadêmicas.
José Manoel Tiago Bessa da Costa - Niterói-RJ-Brasil

RESPOSTA:

No site de Educaedu - portal de educação na Internet, onde centros de formação de todo mundo podem publicar ofertas formativas (em 8 idiomas), pudemos encontrar, no link sobre filosofia a distância, referências a:

Universidade Católica de Brasília: Especialização em Filosofia e Existência - A Distância

FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Especialização em Ensino de Filosofia e Sociologia - A Distância

Centro Universitário Claretiano - Pós-graduação a distância em Filosofia e Ensino da Filosofia - A Distância

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É importante consultar o portal da Universidade Federal de Santa Catarina, considerando que é uma pioneira em Educação a Distância no Brasil - Especialização em Filosofia

Uma visita à Universidade Aberta do Brasil será de grande utilidade.

Veja Universidade Aberta do Brasil, na página do MEC.

Universidade Federal do Espírito Santo - Núcleo de Educação a Distância

A PUC-RIO tem curso de Filosofia Online. Sugerimos que consulte a Coordenação Central de Educação a Distância – CCEAD

Consulte diretamente o Catálogo de Cursos da ABED: Associação Brasileira de Educação a Distância.

Se desejar, você pode perguntar ao Blog da Educação a Distância.
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O site Hot Courses, dedicado a Estudantes brasileiros procurando estudo no exterior, tem várias ofertas de pós-graduação em Filosofia. Se for de interesse, clique AQUI e veja o resultado da pesquisa para "assunto" Filosofia; "nível" Pós-graduação.

Figura: O Pensador de Quioco, AO
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

As dificuldades para o pesquisador brasileiro

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As dificuldades para o pesquisador brasileiro

Wanderley de Souza,*
Jornal do Brasil

RIO - O nível de financiamento para a atividade científica no Brasil tem sido crescente, e alcançamos uma situação invejável no cenário latino-americano. Tem havido um apoio sistêmico através dos editais Universal do CNPq e de programas regulares das fundações estaduais de apoio à pesquisa científica (FAPs). Alguns programas especiais têm apoiado o estabelecimento de uma infraestrutura de equipamentos modernos que terão impacto na qualidade da produção científica brasileira. Programas de pós-doutoramento, capitaneados pela Capes, vêm fortalecendo as equipes de pesquisa.

Com base nas considerações acima, poderíamos imaginar que finalmente o Brasil venceu a fase de insuficiência de recursos e entra agora em um momento em que é possível prever novos avanços. Infelizmente, nem tudo são flores. Dificuldades de ordem burocrática criam obstáculos que precisam ser removidos rapidamente.

A primeira dificuldade resulta de que, no setor público, todos, até prova em contrário, são suspeitos de estarem praticando atos condenáveis com os recursos públicos. Tal fato leva a que alguns administradores tomem decisões, talvez para evitar ações futuras dos órgãos de controle, que dificultam o desenvolvimento dos projetos científicos. Cito alguns exemplos:
  • (a) criar obstáculos a que pesquisadores aposentados possam apresentar projetos de médio e grande porte (tipo o Programa de Núcleos de Excelência). O país não pode se dar ao luxo de excluir a participação de nossas maiores lideranças que continuam em plena produtividade acadêmica;
  • (b) estabelecer medidas restritivas que dificultam ao mesmo pesquisador possa coordenar vários projetos;
  • (c) criar dificuldades para que um pesquisador possa participar de mais de um projeto, mesmo em editais para seleção de projetos interinstitucionais, o que dificulta a criação de equipes multidisciplinares;
  • (d) exigir processo de licitação para compra de reagentes e de material de pesquisa. Todos sabem que, neste campo, o mais importante é a qualidade do produto, comprovada pelo seu uso prévio em todo o mundo, e não o menor preço.
Como superar estes obstáculos? Uma medida preventiva seria neste momento só ocuparem cargos de direção de órgãos de financiamento pessoas com vivência na área científica ou na gestão de ciência e com coragem de enfrentar as dificuldades que são impostas por órgãos de controle, a maioria das vezes sem embasamento legal. É também preciso que o dirigente tenha a coragem de esticar a corda no processo administrativo.

O segundo fator de dificuldades advém do crescimento salutar, mas desordenado, do financiamento. São dezenas de editais lançados simultaneamente, com pouca ou nenhuma articulação. Tal fato obriga os grupos de pesquisa a concorrerem a vários destes editais para obterem os recursos necessários para desenvolver seus projetos.

O terceiro problema é a dificuldade de se importar material. Apesar de várias iniciativas governamentais, o pesquisador brasileiro, cansado de lutar com cotas de importação, licença de importação, despachante etc., está optando em comprar os reagentes de representantes no Brasil, onde o custo fica cerca de três vezes mais caro. Aqui, o caminho seria um decreto presidencial rompendo a burocracia existente.

O quarto problema está relacionado com a administração dos projetos, sobretudo daqueles que envolvem maior soma de recursos. Em alguns casos, projetos envolvendo somas consideráveis estão sendo depositados em contas pessoais, ainda que especiais, do coordenador. O correto seria a utilização de fundações especializadas e que comprovadamente vêm realizando um bom trabalho. Aqui, mais uma vez são criadas dificuldades em função de ações equivocadas de algumas fundações. As existentes estão vivendo sob a ameaça constante de serem fechadas. Em vez de punir exemplarmente quem atuou de forma irregular, generaliza-se e se considera como suspeitas todas as fundações.

Fica, neste início de ano, este desabafo esperando que a comunidade científica se movimente no sentido de vencermos os desafios e podermos atingir novos patamares na produção científica brasileira.


*Além de professor titular da UFRJ, Wanderley de Souza é diretor de programas do Inmetro, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina e ex-secretário executivo de Ciência e Tecnologia do estado do Rio e do governo federal.

00:22 - 27/01/2010
Extraído de JBonline
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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SEAF responde: Bolsas no exterior

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PERGUNTA:

Gostaria de saber o que é necessário para conseguir uma bolsa de estudos na Associação. Acabei de me formar em Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal Fluminense e tenho muito interesse em fazer pós-graduação fora do país. Considero Estudos Filosóficos interessante para minha área de conhecimento.
Cleucivania Soares Freire

RESPOSTA:

Aqui, na Associação de Estudos e Atividades Filosóficos – SEAF, não temos financiamento para oferta de bolsas de estudo. Somos uma Associação sem qualquer financiamento, a não ser a anuidade dos/as associados/as e o retorno financeiro da Revista SEAF e dos livros de Filosofia que publicamos. Como somos uma Associação pequena, apesar de histórica e importante na contribuição para o desenvolvimento dos estudos da Filosofia no país, não temos uma ampla divulgação e, assim, o retorno financeiro é pequeno.

No dia 05 de janeiro, fizemos a postagem, através do Informativo SEAF, sobre bolsas de estudo na Europa, mais especificamente na Espanha e na Áustria. As inscrições vão até 01 de março de 2010. Ou diretamente na Agência FAPESP: Espanha e Áustria.

Vale anotar que a Agência FAPESP sempre traz notícias desse tipo. Você pode fazer inscrição para receber o Boletim FAPESP.

Um informativo importante que pode trazer notícias de pós-graduação é o Jornal da Ciência, da SBPC. E você também pode assinar para receber no computador.

Você pode encontrar Bolsas no site da Universia. Este site é muito interessante e útil. Você pode anotá-lo em Favoritos e fazer consulta periódica. Agora mesmo eles estão indicando bolsas na Universidade de Queensland, Austrália. Caso você precise se cadastrar na Universia, não se impressione, o site da Universia é confiável.

Australian Center tem link para pós-graduação na Austrália.

O Portal Europeu da Juventude tem oportunidades de estudos na Europa, dentre outras oportunidades.

A Universidade Católica Portuguesa. Universidade do Algarve, PT.

Programa Erasmus Mundus oferece bolsas de estudos de mestrado e doutorado em 82 universidades europeias. A notícia está no link do Guia do Estudante. Aqui, você pode consultar o Erasmus Mundus diretamente.

Universidade de Trás-os-Montes e Alto D´ouro – UTAD, PT, através do Convênio Luso Brasileiro está oferecendo aos brasileiros residentes no Brasil, cursos de pós-graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado) na Europa.

Veja o que diz o site de hotcourses.com.br: “para estudantes brasileiros procurando estudo no exterior”.
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Alertamos que a maioria das indicações NÃO é fruto de experiência ou vivência, mas de pesquisa na WWW. Caso entre em qualquer dos sites, para se cadastrar, tenha a atenção necessária que você usa para navegar na Internet. É preciso ter todo o rigor com seus dados e senhas.

A SEAF adverte que não tem qualquer parceria com os sites indicados e que não estão sob nosso controle. Apenas indicamos o acesso aos links para sua comodidade. Assim, não nos responsabilizamos por danos de qualquer espécie causados pelo uso desses sites (conteúdos; permanência no ar; outros links neles contidos e que remetam a outros sites; vírus, cavalos de Tróia ou outros dispositivos destrutivos; utilização indevida de dados de usuário/a, de qualquer tipo).

Figura: O Pensador de Quioco, AO
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domingo, 24 de janeiro de 2010

SEAF responde: Filosofia a distância

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PERGUNTA:

Sou professor de história, gostaria de saber se existem cursos de filosofia a distância ou até mesmo uma pós voltada para essa área da filosofia no ensino médio e fundamental.
Professor Tiago Cézar Berse

RESPOSTA:

Como não sabemos em que cidade você está, colocamos algumas dicas gerais que ou têm utilidade direta ou podem servir de fonte para você ampliar sua pesquisa:

Clique sobre o nome para acessar:

  • ou diretamente Filosofia e Ensino de Filosofia - veja na coluna à direita "Cursos a distância", nos títulos Formação de Professores e R2 - Programa Especial de Formação Pedagógica
  • O site, EducaEdu Brasil indica Mestrados e cursos Filosofia Brasil. Você pode clicar diretamente sobre os cursos listados (cada um traz a indicação da modalidade “Presencial” ou “A distância”). O site traz também a opção de procurar por estado, na coluna da direita.
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Sobre Filosofia no Ensino Médio, vale consultar:


Matérias relacionadas, aqui mesmo, no Blog da SEAF:


Bibliografia indicada aqui no Blog:


Figura: O Pensador de Quioco, AO
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Unicamp totalmente digital

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Unicamp 100% digital

14/10/2009

Agência FAPESP – Com o total de 30.871 teses e dissertações em sua Biblioteca Digital, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se tornou a primeira universidade brasileira a ter 100% dessa produção em formato eletrônico e com acesso livre pela internet.

Desde 2004, quem quiser baixar uma cópia dos trabalhos precisa se cadastrar, o que tem permitido um controle detalhado dos acessos.

“Até o momento foram 4,3 milhões de downloads. A maior média é da área de humanidades e artes, com 1,6 milhão de downloads e 7.705 teses, média de 217 cópias por pesquisa. A média geral, considerando todas as áreas, é de 143 downloads por tese”, disse Luiz Atílio Vicentini, coordenador da Biblioteca Central Cesar Lattes e do Sistema de Bibliotecas da Unicamp.

A Biblioteca Digital da Unicamp passou dos 20 milhões de visitas, com um grande salto ocorrido a partir de 2005, quando o acervo foi indexado ao Google. “De 1 milhão naquele ano, a quantidade de visitas foi para mais de 3 milhões em 2006; em 2008 foram 6,5 milhões de acessos e, este ano, já temos mais de 5 milhões. Registramos picos de 30 mil visitas por dia”, disse Vicentini ao portal da universidade.

De acordo com o coordenador, há mais de 800 mil usuários cadastrados. O último levantamento apontou quase 24 mil downloads por usuários de 73 países, com destaque para Espanha e Portugal.

O estudo mais acessado, intitulado O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula, foi apresentado por Regina Célia Grando na Faculdade de Educação e teve até o dia 13 de outubro 8.485 downloads e 43.784 visitas.

Mais informações: http://libdigi.unicamp.br

Estraído de Agencia FAPESP
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

USP é a 38ª melhor universidade do mundo

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USP é eleita a 38ª melhor universidade do mundo
2/9/2009

Agência FAPESP – A Universidade de São Paulo (USP) está entre as 100 melhores universidades do mundo. A USP ocupa, atualmente, o 38º lugar entre as 100 melhores universidades do mundo, segundo o ranking Webometrics Ranking Web of World Universities, elaborado pelo Ministério da Educação da Espanha.

Os resultados, divulgados no final de julho, referem-se ao ano de 2009. A classificação da USP corresponde a um avanço de 49 posições, se comparado com a última edição anunciada em janeiro de 2008. Além disso, a USP é a primeira na América Latina e no país.

O ranking existe desde 2004 e é publicado duas vezes ao ano, em janeiro e julho. O Webometrics classifica 6 mil instituições no plano mundial, dentre 17 mil avaliadas. Entre os critérios estão incluídos indicadores de pesquisa e de qualidade de estudantes e docentes, além da visibilidade e o desempenho global da instituição.

Universidades dos Estados Unidos dominam o topo da lista, ocupando as 21 primeiras posições no Webometrics. As três primeiras são, pela ordem, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e as universidades de Harvard e Stanford. No Brasil, a USP é a primeira, seguida da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Também faz parte dessa classificação o Ranking of World Repositories Top 300 Institutions, que atribui notas às instituições por meio das bibliotecas digitais de dissertações e teses. Neste ranking, a USP ocupa o 57º lugar, o que significa um crescimento de 29 posições em relação a 2008.

Já na edição 2009 do Performance Ranking of Scientific Paper for World Universities, do Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan, a USP ficou no 78º lugar, subindo 22 posições em relação a 2008. O ranking avalia a pesquisa desenvolvida, levando em conta critérios de produtividade, impacto e excelência na investigação científica.

Mais informações: neste link AQUI



domingo, 26 de abril de 2009

O Sonho Transdisciplinar

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Os alunos presentes na aula inaugura Pós-Graduação em Filosofia - UBM
por Hilton Japiassu *
  • Palestra proferida na aula inaugural do Curso de Pós-graduação em Filosofia, na UBM - Centro Universitário Barra Mansa.


O grande desafio lançado à educação neste início de século é a contradição entre, de um lado, os problemas cada vez mais globais, interdependentes e planetários, do outro, a persistência de um modo de conhecimento privilegiando os saberes fragmentados, parcelados e compartimentados. Donde a urgência, para uma reforma da educação, de valorizarmos os conhecimentos interdisciplinares ou, pelo menos, promovermos o desenvolvimento, no ensino e na pesquisa, de um espírito ou mentalidade propriamente transdisciplinar. Creio que pode ser aplicado à Educação o que dizia Péguy da poesia: “quando a poesia está em crise, a solução não consiste em decapitar os poetas, mas em renovar as fontes de inspiração”. O que podemos fazer quando tomamos consciência de nossos conhecimentos atuais revelam uma tremenda incapacidade de pensar o mundo globalmente e em suas partes? O que devemos fazer quando constatamos que nosso pensamento se encontra preso às cegueiras e miopias que caracterizam nossas universidades divididas em departamentos sem comunicação? Já no século XVII, Pascal dava-nos uma orientação: “considero impossível conhecer as partes se não conheço o todo e se não conheço particularmente as partes”. Queria dizer: se quisermos dominar um objeto, não podemos confiar no conhecimento fragmentado nem na apreensão holística. Porque o conhecimento deve efetuar, não só um movimento dialético entre o nível local e o global, mas de retroação do global sobre o particular. Ao mesmo tempo que precisamos contextualizar o singular, devemos concretizar o global: relacioná-lo com suas partes.

Hoje há um interesse crescente pela interdisciplinaridade. Motivado por diversas razões. A mais importante: a que se vincula a análise pedagógica e à redefinição de uma política educacional. Paradoxalmente, nunca se recusou tanto e de boa fé as exigências interdisciplinares. Muita gente toma consciência de que os objetos de pesquisa são tão complexos que só podem ser tratados por uma abordagem interdisciplinar. Não basta mais o simples encontro ou justaposição das disciplinas. Torna-se imprescindível eliminar as fronteiras entre as problemáticas e os modos de expressão para que se instaure uma comunicação fecunda. Tem-se tornado preocupante o estado lamentável de esfacelamento do saber. Por toda parte surge a exigência de se instaurar pelo menos um diálogo ecumênico entre as disciplinas. Porque ninguém mais parece entender ninguém. Mas essa exigência apenas revela a situação patológica em que se encontra nosso saber. A especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente do horizonte epistemológico. Chegamos a um ponto em que o especialista se reduziu ao indivíduo que, à custa de saber cada vez mais sobre cada vez menos, terminou por saber tudo (ou quase tudo) sobre o nada, em reação ao generalista que sabe quase nada sobre tudo. Ora, um saber em migalhas revela uma inteligência esfacelada. O desenvolvimento da especialização, com todos os seus inegáveis méritos, dividiu ao infinito o território do saber. Cada especialista ocupou, como proprietário privado, seu minifúndio de saber onde passou a exercer, ciumenta e autoritariamente, seu mini-poder.

Ao destruir a cegueira do especialista, o conhecimento interdisciplinar recusa o caráter territorial do poder pelo saber. Substitui a concepção do poder mesquinho e ciumento do especialista pela concepção de um poder partilhado. O espírito interdisciplinar pressupõe que reconheçamos: "o coração tem razões que a Razão desconhece". Porque possuímos qualidades de coração, entusiasmo e maravilhamento que representam as raízes da inteligência. E devemos renunciar, se não ao desejo de dominação pelo saber, pelo menos à manipulação totalitária do discurso da disciplina. Não podemos dialogar com quem erige em absoluto a causa ou a verdade que defende. Em geral, o especialista tenta impor a causa de sua especialidade como se fosse a resposta a todo por quê; ou identificar seu discurso com a origem de tudo. Este instinto teológico é muito celebrado nas capelas da ciência: colóquios, simpósios, congressos ou confrarias patenteadas (quermesses com vaidades intelectuais). De um modo geral repete-se que o futuro pertence às pesquisas interdisciplinares. De fato, são muito difíceis de ser organizadas. Por causa de ignorâncias recíprocas por vezes sistemáticas. Em nosso sistema escolar, encontram-se ainda relegadas ao ostracismo. Os arraigados preconceitos positivistas cultivam uma epistemologia da dissociação do saber. Sob esse aspeto, ensina-se um saber bastante alienado e em processo de cancerização galopante. Seus horizontes cognitivos são demasiado reduzidos. Ensina-se um saber fragmentado que constitui um fator de cegueira intelectual. As escolas estão mais preocupadas com a distribuição de suas fatias de saber, de uma ração intelectual a alunos que nem mesmo parecem ter fome. Este saber mais ou menos mofado, armazenado nessas "penitenciárias centrais" da cultura (as instituições de ensino), além de ser indigesto e nocivo à saúde espiritual, passa a ser propriedade de pequenos mandarinos dominados pelo espírito de concorrência e carreirismo. É por isso que o interdisciplinar provoca atitudes de medo e recusa. Porque constitui uma inovação. Como todo novo, incomoda. Porque questiona o já adquirido, o já instituído, fixado e aceito. Se não questionar, não é novo, mas novidade. O conservadorismo acadêmico tem um medo pânico do novo que põe em questão as estruturas mentais, as representações coletivas estabelecidas, as idéias sobre o mundo, a educação e a boa ordem das coisas. O que se encontra em jogo, no fundo, é certa concepção do saber: o modo de se conceber sua repartição e o processo de seu ensino.

Lamentamos que em nosso atual sistema educacional seja praticamente inexistente a prática interdisciplinar. O que existe são encontros multidisciplinares: frutos mais da imaginação criadora e combinatória de alguns sabendo manejar conceitos e métodos diversos que algo propriamente instituído e institucionalizado. Mesmo assim, realizam-se como práticas de indivíduos abertos e curiosos, com o sentido da aventura e não tendo medo de errar; de indivíduos que não buscam nenhum porto seguro, mas se afirmam e se definem por um solene anti-autoritarismo e um contundente anti-dogmatismo. Vejo no dogmatismo de um saber definitivo, acobertado pela etiqueta "objetivo" ou pelo rótulo "verdadeiro" o sintoma de uma ciência agônica. A este respeito, faço minhas as palavras de F. Jacob: "Não é somente o interesse que leva os homens a se matarem. Também é o dogmatismo. Nada é tão perigoso quanto a certeza de ter razão. Nada causa tanta destruição quanto a obsessão de uma verdade considerada como absoluta. Todos os crimes da história são conseqüência de algum fanatismo. Todos os massacres foram realizados por virtude: em nome da religião verdadeira, do racionalismo legítimo, da política idônea, da ideologia justa; em suma, em nome do combate contra a verdade do outro, do combate contra Satã".

O espírito interdisciplinar nos permite tomar consciência de que uma verdade acabada e dogmática impede o exercício cotidiano da liberdade de pensar. Corresponde a uma sociedade sem vida onde somos livres para fazer tudo, mas onde não há mais nada para se fazer. Somos livres para pensar, mas não há nada sobre o quê pensar. É infindável o processo de estabelecimento de uma verdade. Neste domínio, a evidência só pode ser engano ou dogma. E a certeza, credulidade ou cegueira. Apoiar-se numa verdade como em um absoluto é realizar uma censura injustificável. É aceitar um superego opressor e castrador vendo em todo erro uma heresia e não uma força criadora, uma condição sine qua non de uma verdade sempre provisória. Toda verdade humana é feita de verdades verificadas. Uma verdade congelada torna-se uma anestesia intelectual. Seu efeito paralisante gera inúmeras doenças do espírito, inclusive a paralisia adulta da inteligência. Ora, um saber que não se questiona constitui um obstáculo ao avanço dos saberes. A pretensa maturidade intelectual, orgulho de tantos sistemas de ensino, constitui um obstáculo entre outros. A famosa cabeça bem-feita, bem arrumada, bem estruturada, bem organizada e objetiva, não passa de uma cabeça mal-feita, fechada, produto de escola, modelagem e manipulação. Trata-se de uma cabeça que precisa urgentemente ser re-feita. O espírito interdisciplinar ajuda a se refazer essas cabeças bem-feitas, quer dizer, mal-feitas. Pois cultiva o desejo do enriquecimento por enfoques novos e o gosto pela combinação das perspetivas; ademais, alimenta a vontade de ultrapassar os caminhos batidos e os saberes adquiridos. Não nascemos com cabeças "desocupadas", mas inacabadas. A escola e a sociedade pretendem ocupá-las pela instrução e pela linguagem. Donde a necessidade de se psicanalisar os educadores a fim de que possam ser agentes que despertem, provoquem, questionem e se questionem, e não se reduzam ao papel de disciplinadores intelectuais, capatazes da inteligência ou revendedores de um saber-mercadoria sem as técnicas do marketing. O professor que não cresce, não estuda, não se questiona e não pesquisa deveria ter a dignidade de aposentar-se, mesmo no início de carreira: já é portador de uma paralisia intelectual ou de uma esclerose precoce. Deveria também aposentar-se o que prefere as respostas às questões ou ensinar a pesquisar.

Ao questionar os conhecimentos adquiridos e os métodos aplicados, não só o interdisciplinar promove a união do ensino e da pesquisa, mas transforma as escolas: de um lugar de simples transmissão ou reprodução de um saber pré-fabricado, num lugar onde se produz coletiva e criticamente um saber novo. Contrariamente ao sistema clássico de ensino, que se instala num esplêndido isolamento e institui um saber pasteurizado, com um sistema hierárquico mais ou menos monárquico e autoritário, o sistema interdisciplinar viria superar o corte escola/sociedade, escola/vida, saber/realidade. Sem falarmos da instauração de uma nova relação entre educadores e educandos. Mas é ilusório pensar que uma lei ou um conjunto de medidas administrativas possam colocar um paradeiro a hábitos tão arraigados, a rotinas e estruturas mentais solidamente estabelecidas. Donde a necessidade de se criar instituições dotadas de estruturas flexíveis, capazes de absorver conteúdos novos e integrar-se em função dos verdadeiros problemas. E de adotar métodos fundados, não em táticas e estratégias de distribuição dos conhecimentos estocados, mas no exercício de aptidões intelectuais e de faculdades psicológicas voltadas para a busca do novo. Mas nada será feito de durável se não estiver fundado na adesão profunda e apaixonada de alguns e em experiências inovadoras desempenhando o papel de catalisadores e de núcleos de inovação. O interdisciplinar constitui um fator de transformação capaz de restituir vida às nossas mais ou menos esclerosadas instituições de ensino. Mil obstáculos precisam ser ultrapassados: 1) a situação adquirida dos "mandarinatos" no ensino e na pesquisa (inclusive na administração, onde os cargos são ocupados pelos mais medíocres); 2) o peso da rotina e a rigidez das estruturas mentais; 3) a inveja dos conformismos e conservadorismos em relação às idéias novas que seduzem (ódio fraterno);; 4) o positivismo anacrônico que, preso a um ensino bastante dogmático, encontra-se à míngua de fundamentação teórica; 5) a mentalidade esclerosada de um aprendizado por acumulação ou entesouramento; 6) o enfeudamento das instituições ("departamentalização"); 7) o carreirismo buscado sem competência; 8) a ausência de crítica dos saberes adquiridos, etc.

Todavia, o interdisciplinar não pode ser praticado sem o cumprimento de certas exigências. Por exemplo, a criação de uma nova inteligência e de uma razão aberta capazes de formar uma nova espécie de cientistas e educadores, utilizando uma nova pedagogia e ousando pensar de outra. forma. Por isso, o candidato a ingressar nessa aventura deveria preencher (entre outros) os seguintes pré-requisitos:

· ter a coragem de fazer a seguinte prece: "Fome nossa de cada dia nos daí hoje"
· ter a coragem de devolver, à sua razão, sua função turbulenta e agressiva
· ter a coragem de, no domínio do pensamento, fazer da imprudência um método
· saber colocar questões (não só buscar respostas) e não ousar "pensar antes de estudar"
· estar consciente de que ninguém se educa (como não cria) com idéias alheias
· ter a coragem de sempre fornecer à sua razão razões (e motivos) para mudar
· não cultivar o gosto pelo "porto seguro" ou pela certeza do sistema, porque nosso conhecimento nasce da dúvida e se alimenta de incertezas
· não fazer concessões ao Saber, etc.

Numa época de conservadorismo como a nossa, precisamos ter a coragem de opor-nos a ela. Só um espírito conservador prefere repetir a ter que refletir. Precisamos abandonar essa monotonia espiritual e fazer da Razão uma realidade incompleta jamais devendo repousar na tradição. É desta maneira que se torna jovem e incisiva, passando a aceitar e viver o princípio segundo o qual "nada é fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha": precisamos de pensadores que saibam sonhar e de sonhadores que saibam pensar. Porque nosso conhecimento deve aparecer como a reforma de uma ilusão e uma retificação continuada. Claro que navegar é preciso. E viver, muito mais preciso ainda. Mas se não navegarmos com uma bússola na mão e um sonho na cabeça, ficaremos condenados à rotina do sexo, da droga e do credit card. E o ideal de vida proposto à juventude (viciada em divertimento) passa a ser apresentado como o mais compulsivo consumismo perfumado de hedonismo Donde estarmos assistindo à instalação de uma insidiosa e intimidante violência fazendo imperar o mais generalizado conformismo. Os projetos de autonomia individual sofrem um eclipse quase total. Em grande parte, causado pela onda crescente de privatização, despolitização e "individualismo". Um grave sintoma concomitante: a total atrofia da imaginação política e o empobrecimento intelectual de nossas lideranças. Cada vez mais a liberdade funciona como simples complemento instrumental do dispositivo maximizador dos "gozos" individuais, o único valor exaltado sendo o dinheiro conferindo poder ou notoriedade midiática. A sociedade atual adquiriu uma tremenda capacidade de abafar toda verdadeira divergência, seja silenciando-a, seja convertendo-a num fenômeno comercializado como os outros. As vozes discordantes e dissidentes são comercializadas. Donde a importância de continuarmos pensando uma sociedade onde:

· os valores econômicos não se imponham como centrais ou únicos
· a cultura não seja identificada com o mero entretenimento (com o que se vende), mas com tudo o que ultrapassa o simples funcional e o instrumental, humanizando nosso espírito e nossa consciência
· o crescimento máximo seja considerado um meio, não o fim das ações humanas
· o intelectual possa afirmar-se e definir-se por sua liberdade em relação aos poderes, pela crítica das idéias recebidas e a denúncia das alternativas simplistas.

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  • Na ocasião, foi oficializada a SEAF Sul Fluminense




Professor Alcino Camatta,
Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Filosofia da UBM
e Professor Olinto Pegoraro, convidado do evento.


* Hilton Japiassu nasceu em Carolina, Maranhão, em 26 de março. Formado em Filosofia e Teologia no Studium Generale Santo Tomás de Aquino de São Paulo, completou a licenciatura em Filosofia na PUC do Rio de Janeiro, ingressando posteriormente em seu Corpo Docente (1975 a 1986). Fez Doutorado em Filosofia em Grenoble (França), na Université des Ciences Sociales (1974) defendendo tese sobre Les Relations Interdisciplinares dans les Sciences Humaines. Em 1984/85, fez pós-doutorado na Université des Sciences Humaines de Strasbourg (França) com um trabalho de pesquisa sobre Le Statut Epistemologic des Sciences Humaines. Desde 1978, ensinou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IFCS-UFRJ, onde integrou o Departamento de Filosofia. Dedica suas atividades docentes e de pesquisa ao domínio da Epistemologia e História das Ciências Humanas. Tem vários artigos e dezenas de livros.

Para acessar outros materiais de Hilton Japiassu
http://www.editoraeletronica.net/

Buscar textos: http://br.monografias.com/

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Carta da Transdisciplinaridade
referida por Hilton Japiassu, no debate

(adotada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, Convento de Arrábida, Portugal, 2-7 novembro 1994)

Preâmbulo

Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qualquer olhar global do ser humano;

Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da dimensão planetária dos conflitos atuais poderá fazer frente à complexidade de nosso mundo e ao desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual de nossa espécie;

Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia pela eficácia;

Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à ascensão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano individual e social são incalculáveis;

Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na história , aumenta a desigualdade entre seus detentores e os que são desprovidos dele, engendrando assim desigualdades crescentes no seio dos povos e entre as nações do planeta;

Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode conduzir a uma mutação comparável à evolução dos humanóides à espécie humana;

Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento de Arrábida, Portugal 2 -7 de novembro de 1994) adotaram o presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios fundamentais da comunidade de espíritos transdisciplinares, constituindo um contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem qualquer pressão jurídica e institucional.

Artigo 1:
Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo nas estrutura formais, sejam elas quais forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.

Artigo 2:
O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regidos por lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade.

Artigo 3:
A transdisciplinaridade é complementar à aproximação disciplinar: faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos que as articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.

Artigo 4:
O ponto de sustentação da transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta por um novo olhar, sobre a relatividade definição e das noções de "definição"e "objetividade". O formalismo excessivo, a rigidez das definições e o absolutismo da objetividade comportando a exclusão do sujeito levam ao empobrecimento.

Artigo 5:
A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual.

Artigo 6:
Com a relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade é multidimensional. Levando em conta as concepções do tempo e da história, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte trans-histórico.

Artigo 7:
A transdisciplinaridade não constitui uma nova religião, uma nova filosofia, uma nova metafísica ou uma ciência das ciências.

Artigo 8:
A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica e planetária. O surgimento do ser humano sobre a Terra é uma das etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo - a uma nação e à Terra - constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar.

Artigo 9:
A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.

Artigo 10:
Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural.

Artigo 11:
Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no conhecimento. Deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da sensibilidade e do corpo na
transmissão dos conhecimentos.

Artigo 12:
A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado de que a economia deve estar a serviço do ser humano e não o inverso.

Artigo 13:
A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma única e mesma Terra.

Artigo 14:
Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias às nossas.

Artigo final:
A presente Carta Transdisciplinar foi adotada pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que visam apenas à autoridade de seu trabalho e de sua atividade.

Segundo os processos a serem definidos de acordo com os espíritos transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressistas de ordem nacional, internacional para aplicação de seus artigos na vida.

Convento de Arrábida,
6 de novembro de 1994
Comitê de Redação
Lima de Freitas
Edgar Morin
Basarab Nicolescu
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Para mais:

“Congressos internacionais sobre transdisciplinaridade: reflexões sobre emergências e convergências de idéias e ideais na direção de uma nova ciência moderna”, por Augusta Thereza de Alvarenga, Américo Sommerman; Aparecida Magali de Souza Alvarez, em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-12902005000300003&script=sci_arttext#back6 Acesso em: 26 abr. 2009.


Ver Documentos da Transdisciplinaridade, em Centro de Educação Transdisciplinar – CETRANS - http://www.cetrans.com.br/internaCetranscba9.html?iPageId=114
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