sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A História da SEAF ou a SEAF na História - 1

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Um pouco das referências à importância da SEAF: no período de seu aparecimento; como provocadora do retorno da Filosofia ao ensino médio; em articulação nacional e... continuando hoje...

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... Aqui chegou a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF), aportando na Paraíba, em 1979, trazida pelo professor Antônio Rufino Vieira.

... Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF): com sede no Rio de Janeiro. A SEAF já teve expressão nacional e desempenhou importante papel nos debates pela volta da filosofia ao ensino médio, no final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980. Depois do retorno opcional, naquela época, sua atuação enfraqueceu-se significativamente, mas vem sendo retomada nos últimos anos. Em 2001 e 2002 promoveu encontros estaduais de professores de filosofia.

... No final de 2001, a diretoria da SEAF - Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas do RJ, esteve presente por duas vezes ao Café Filosófico e propôs a instalação junto a esse grupo de uma representação da SEAF, prevista para 2002. (UBM)

... No meio deste processo de abertura e democratização política, em 1975, quando a Lei 5692/71 começa a cair no descrédito, funda-se o Centro de Atividades Filosóficas que depois passou a denominar-se de Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF). O SEAF teve uma ação decisiva no movimento pela reintrodução da filosofia no ensino do 2° grau se engajando na discussão, tendo como objeto de ação e reflexão o retorno da Filosofia no 2° grau.

O SEAF, segundo Gasparello (1986: 77-89) e Simon (1984: 8-10), promoveu amplos debates, cursos; elaborou documentos, visando sensibilizar as autoridades da necessidade de se reestruturar o 2° grau e da importância da filosofia nesse grau de ensino. No período que vai de 1977 a 1985, o SEAF, junto a outras entidades filosóficas, organizou o I, II e o III Encontro Nacional dos Chefes dos Departamentos de Filosofia que ocorreram no Rio de Janeiro (1981), Goiânia (1982) e Santos (1983). O I Encontro formou uma Coordenação Nacional do Departamento de Filosofia e elaborou um documento sobre a Filosofia no 2° grau que ficou conhecido como o “Documento do Rio de Janeiro”. O II Encontro aprovou o documento sobre “Reintegração da Filosofia no Currículo do 2° grau” entregue à Ministra da Educação Esther de Figueiredo Ferraz, que garante a recomendação da Filosofia junto às Secretarias Estaduais e aos Conselhos de Cultura.

Outros grupos e associações filosóficas como Convivium, AFB, IBF, CONPEFIL - Conjunto de Pesquisa Filosófica - também se empenharam nesta luta, mas é o SEAF que desenvolveu um trabalho mais intenso, inclusive junto as Secretarias de Educação Estaduais ...


... Ainda na década de 1970, começam a surgir movimentos que al¬mejavam o retorno da Filosofia no nível médio. Em 1976, por exemplo, foi fundada a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos – Seaf –, que congregava professores e estudantes de filosofia e organizou, nas esferas re¬gional e nacional, encontros, simpósios e ciclos de conferências de filosofia (Cadernos Seaf, 1978). ...


... O quarto e último momento é chamado de “presença controlada”, que vai desde a redemocratização política pós 1980 até a publicação da nova LDB em 1996. É nesse período que é criada a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF), em 1975, como resposta à retirada da filosofia do currículo secundário (Lei 5.692/71).

O SEAF nasceu devido à crase necessidade de se criar um espaço alternativo para a discussão de idéias, compartilhar estudos, etc, atividades inviabilizadas nos cursos e departamentos de filosofia das universidades por causa da grande vigilância imposta pelo regime militar. O SEAF fazia parte de um movimento de protesto contra a exclusão da filosofia, movimento que reivindicava a volta da disciplina ao currículo escolar. Esse movimento contou também com outras importantes referências nacionais, tais como a CONVÍVIO (Sociedade Brasileira de Cultura); o CONPEFIL (Conjunto de Pesquisa Filosófica); a ABFC (Associação Brasileira de Filósofos Católicos); o IBF (Instituto Brasileiro de Filosofia), etc.

A filosofia voltou ao currículo no Rio de Janeiro, como “noções de filosofia”, pelo Parecer CEE nº 49, de 21 de janeiro de 1980.

A desarticulação da SEAF em âmbito nacional – restando apenas a SEAF-RJ – repercute até hoje, pois com a obrigatoriedade da filosofia no ensino médio, faltam ainda – como já foi dito acima – diretrizes de como será esse ensino, suas características e objetivos. Essas perguntas seriam mais bem respondidas, ou melhor, discutidas se houvesse um sindicato – ou uma sociedade, no caso a SEAF – que assumisse essa responsabilidade junto ao Ministério da Educação trazendo propostas e objetivos para um ensino de qualidade.

E para que não aconteça, insistimos, é necessário ou a reestruturação do SEAF em âmbito nacional ou a criação de um novo organismo que possa juntamente com as secretarias de educação de cada estado estabelecer diretrizes para o ensino de filosofia no Brasil...


A Constituinte em debate: colóquio realizado de 12 a 16/05/1986, por iniciativa do Depto. de Filosofia da USP, sob a coordenação dos Prof. Luis Roberto Salinas Fortes e Milton Meira do Nascimento. São Paulo. Sofia editora SEAF. 1987.

... A filosofia no Brasil não conseguiu se popularizar, apesar de esforços consideráveis de pessoas como os professores Henrique Nielsen Neto (1988) e Antônio Joaquim Severino (1992) e de instituições como a SEAF (Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas). ...
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CARMINATI, Celso João. O Ensino de Filosofia no II grau: do seu afastamento ao movimento pela sua reintrodução (A Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas – SEAF).

1997. 195 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Ciências da Educação – UFSC, Florianópolis.
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... Esse processo de luta culminou com a criação da Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF) que, como frisa PEGORARO (1980, p.1)

Surgiu da preocupação que vivíamos em 1975-76. A censura e o burocratismo cego dominavam também o meio universitário. Isto gerava profundo desânimo entre os professores e alunos. Todo projeto aberto esbarrava em entraves intransponíveis. O silêncio e o isolamento tiveram como consequência principal a improdutividade e a queda de nível, notadamente no âmbito dos Departamentos de Filosofia que sofreram censura mais forte. Enquanto que a Sociologia política, graças ao amparo recebidos até de organismos internacionais, fazia excelentes progressos no análise crítica do subdesenvolvimento e do processo de dependência dos países periféricos; enquanto a Teologia articulava os discurso da libertação, a Filosofia perdia altura e caia nas mãos de chefes departamentais fiéis ao regime ou acabava controlada por sociedades cujos líderes eram também auxiliares de ministros fascistas ou organizadores de cursos nas escolas da estratégia militar.

A SEAF tornou-se um espaço alternativo para denunciar e criticar as medidas impositivas do Estado em relação à educação de maneira geral e à disciplina de filosofia, em particular. Além disso, possibilitou, por meio de publicações dos “Cadernos SEAF” e dos “Debates Filosóficos”, a veiculação nacional de textos e debates sobre o tema contando com a contribuição de filósofos brasileiros preocupados com a formação dos alunos do segundo grau.

Ainda segundo PEGORARO (1980, p.3) a SEAF deve ser entendida como “...um movimento intelectual que visa a criatividade e a produtividade filosófica que interprete a situação do homem na contemporaneidade. O movimento da inteligênica atenta ao processo, exige estruturas leves e sempre em adaptação. Isso não poderia ocorrer se a SEAF fosse uma empresa de congressos com donos estabelecidos”. Foi dentro dessa perspectiva de entendimento que a SEAF consolidou-se em 1978 e em 1980 já estava organizada com núcleos estruturados em 17 estados, entre os quais o Paraná.

A SEAF- Regional Paraná , criada, basicamente, por uma significativa parcela de professores de filosofia do curso de Bacharelado/Licenciatura em Filosofia da UFPR, concentrou suas atividades, principalmente, em três frentes: a) promovendo encontros e seminários junto aos núcleos regionais de ensino da Secretaria da Educação, para sensibilizar professores, diretores e inspetores de escolas sobre a importância e as vantagens da inclusão da filosofia na grade curricular; b) contribuindo com a organização e articulação do movimento pela volta da filosofia em âmbito nacional; c) divulgando artigos e resenhas sobre o tema, publicados na revista “Textos SEAF”, editados pela própria SEAF-Regional Paraná entre os anos de 1980 e 1985.

Em julho de 1984, alguns professores do Departamento de Filosofia da UFPR e alunos do curso, participaram da reunião da SBPC, realizada em São Paulo, na qual apresentaram um relatório das atividades desenvolvidas pela SEAF-Regional Paraná em relação a reinclusão da filosofia no ensino de segundo grau. De acordo com a nota publicada em 17 de julho de 1984 pelo jornal Gazeta do Povo “Em seu relatório foi destacado que com a criação da Seaf no Paraná... em 79, o movimento pelo retorno da filosofia, que já vinha se esboçando desde praticamente a reforma de 71, ganhou novo impulso e profundidade, saindo dos contatos a nível meramente político para procurar colocar toda a comunidade a par da situação.”

O relatório também enfatiza, segundo a nota, que foi enviado um ofício ao Conselho Estadual de Educação solicitando o seu parecer sobre a possibilidade de reinclusão da filosofia nos cursos de segundo grau. A resposta do Conselho foi negativa sob a alegação da falta de estudos específicos que justifiquem tal decisão. Pode-se concluir daí que esse argumento é mais político que, propriamente, técnico-administrativo, pois as forças representadas nos Conselhos, via de regra, não tinham interesse em aprovar essa disciplina como integrante do currículo.

O relatório aponta ainda que: - em 1980 um grupo de professores de filosofia apresentou, no IV Simpósio Nacional da SEAF, um texto intitulado “O ensino da filosofia no Paraná”, o qual destaca os principais problemas dos cursos de filosofia da UFPR e da PUC-Pr; - foram realizadas, aproximadamente, 15 reuniões com alunos e professores sobre o tema; - em 1983 o Departamento de Filosofia da UFPR e o SEAF participaram do I Encontro Paranaense de História e Educação; - ainda em 83 finalizou-se um projeto para a disciplina de filosofia com programa e sugestões de conteúdos, que foi encaminhado ao Conselho Estadual de Educação (mesmo com o apoio do Departamento de Segundo Grau da Secretaria da Educação, o projeto não foi atendido); - ao lado desse trabalho de pressão junto aos órgãos oficiais, iniciou-se um trabalho com a comunidade dos professores e alunos (nesse sentido, membros do SEAF participaram do encontro realizado pelo Núcleo Regional de Curitiba, com diretores e inspetores de ensino, evidenciando-se um consenso entre a proposta de filosofia da SEAF e a questão da reestruturação do ensino médio proposta pela Secretaria da Educação); - em Curitiba foram feitas visitas a 30 colégios levando informações e esclarecimentos, bem como, buscando apoio da comunidade escolar, que na sua grande maioria mostrou-se favorável à reintrodução da filosofia na grade; - realizou-se uma pesquisa em cinco colégios de Curitiba para verificar a posição dos estudantes em relação à disciplina de filosofia (em julho de 84 essa pesquisa ainda não tinha sido concluída, por isso seus resultados não foram incluídos no relatório apresentado na SBPC); - entre 24 a 29 de junho de 1984, em Curitiba, alunos e professores ligados ao SEAF participaram do seminário sobre “Reestruturação do 2º Grau”, realizado pela Secretaria da Educação, que debateu as propostas apresentadas pelos núcleos regionais de ensino do Estado (GAZETA DO POVO, 18/07/84, p.10).
Geraldo Balduino Horn – DTPEN/UFPR para visualizar

... Esse processo de luta culminou com a criação, em 1975-76, da Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF).

No final do período de repressão, com o início da abertura política, a Lei 5.692/1971 recebeu uma emenda, por meio da Lei Nº. 7.044/1982. A partir daí, a Filosofia poderia fazer parte do currículo, mas era concebida em todos os cursos de 2º. Grau como disciplina complementar, ou mesmo atribuindo-lhe caráter de optativo. Isso limitou bastante o espaço para o ensino de Filosofia, com ações de inclusão isoladas, atendendo a interesses nem sempre muito claros ou compatíveis com o que se poderia esperar da Filosofia. Em alguns casos, a maneira como foi incluída e o que foi feito com a Filosofia em sala de aula, serviu para reforçar os argumentos daqueles que são contrários ao ensino de Filosofia, afirmando que a Filosofia na escola será apenas um espaço de atuação para padres e pastores conservadores exerceram sua doutrinação. ...
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